Planalto prepara demissão de indicações do União Brasil e pode entregar Turismo à base

O Palácio do Planalto está levantando todas as indicações de membros do União Brasil a cargos federais, com o objetivo de identificar os padrinhos políticos, após o partido ter dado um ultimato e antecipado a decisão de deixar o governo federal.
Segundo auxiliares do presidente Lula (PT), a intenção é substituir os indicados dos líderes da debandada, principalmente os nomes indicados pelo presidente do partido, Antonio Rueda — considerado um dos principais defensores do desembarque. Lula já o citou como opositor em reunião ministerial.
Além das críticas públicas à gestão petista, Rueda se aproximou da oposição e tem defendido um candidato da centro-direita para concorrer ao Planalto em 2026.
Com a varredura, o Planalto pretende identificar os afilhados políticos de Rueda, mesmo que a indicação tenha sido atribuída a um parlamentar alinhado ao governo.
Na semana passada, a Executiva Nacional do União Brasil aprovou por unanimidade a exigência de que seus filiados antecipem a saída do governo, inicialmente prevista para o final do mês. Com isso, o ministro Celso Sabino (Turismo), indicado pela bancada da legenda na Câmara, deixará o cargo.
Com a saída de Sabino, aliados de Lula defendem que a pasta seja destinada a outro partido da base, como forma de prestigiar aliados. PSB, PDT, PSD e o próprio PT demonstram interesse na vaga.
A decisão do governo, entretanto, não afetará as indicações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que continua sendo um aliado próximo do Planalto no Congresso. Davi indicou os ministros Frederico de Siqueira Filho (Comunicações) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), que devem permanecer nos cargos.
Após o ultimato do partido, Sabino se reuniu com Lula na sexta-feira (29) e ficou acordado que deixará o Turismo na volta do presidente de Nova York. Espera-se que eles conversem na quinta-feira (25).
O ministro buscou a cúpula do União Brasil para tentar mantê-los no governo ao menos até o final da COP30, conferência climática da ONU em Belém, em novembro. Argumentou que seu trabalho na organização do evento poderia fortalecer sua candidatura ao Senado em 2026. Sabino tem domicílio eleitoral no Pará e preside o diretório estadual da sigla.
Apesar da saída, sua gestão era bem avaliada no Palácio do Planalto, e Lula pretende apoiá-lo na disputa pelo Senado no próximo ano.
Além de partidos de esquerda, auxiliares lembram que o PSD reivindicava o Turismo. Nesse cenário, o partido perderia um dos três ministérios, possivelmente a Pesca, hoje comandada pelo ex-deputado André de Paula (PE).
O PDT também busca ampliar sua participação no governo. Em agosto, o partido sinalizou insatisfação com a fatia ocupada na Esplanada, questionando se o ministro Wolney Queiroz (Previdência) é da cota da legenda ou do presidente.
Na semana passada, o PDT indicou a Lula o deputado André Figueiredo (CE) para assumir um ministério. Em almoço no Palácio da Alvorada, na quarta-feira (17), o parlamentar esteve presente. Figueiredo já foi ministro das Comunicações no governo Dilma Rousseff (PT) e atuou como líder da maioria na Câmara no ano passado.
O PSB também demonstra interesse no Turismo. A legenda começou o governo com três ministérios, mas perdeu espaço após a ida de Flávio Dino para o STF. Atualmente, dois ministros permanecem filiados ao partido: o vice, Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio), e Márcio França (Empreendedorismo e Microempresa).
O partido, presidido pelo prefeito de Recife, João Campos, não pretende disputar intensamente a indicação, apoiando Lula em 2026 de qualquer forma.
Aliados do presidente recomendam que ele aproveite a saída de Sabino para prestigiar parlamentares alinhados à pauta governista no Congresso Nacional.