Valdemar esquenta ainda mais o racha com filhos de Bolsonaro para 2026 após elogiar Paes

Em meio ao aumento dos atritos com os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na última semana, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, elogiou o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e declarou que o vereador Carlos Bolsonaro deixará o mandato ainda neste ano. As falas de Valdemar causaram desconforto em integrantes do partido, que rejeitaram a possibilidade de apoiar Paes. Em outra frente, o dirigente também trocou críticas com o deputado Eduardo Bolsonaro.
Nos últimos dias, Valdemar buscou, em entrevistas, delimitar os papéis de Eduardo e Carlos nas eleições de 2026. Sobre o deputado, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que ele iria “matar o pai de vez” caso deixasse o PL para disputar a Presidência por outra legenda — hipótese cogitada pelo próprio Eduardo. No caso de Carlos, Valdemar reforçou a pressão para que o vereador se engaje logo na campanha ao Senado por Santa Catarina, projeto defendido pelo pai.
Carlos tem feito visitas pontuais a cidades catarinenses, testando apoio antes de confirmar sua candidatura. Até agora, ele só disputou eleições no Rio de Janeiro, desde 2000. Na última sexta, por exemplo, esteve com o irmão Jair Renan, vereador em Balneário Camboriú, e passou por Blumenau, onde disse que pretende “voltar aqui muitas outras vezes”, sem confirmar mudança de domicílio eleitoral.
Já em entrevista à Jovem Pan, na segunda-feira, Valdemar afirmou que Carlos “já alugou apartamento” em Santa Catarina e antecipou sua ida para o estado:
"Carlos vai sair da Câmara de Vereadores (do Rio) neste ano e vai perder mais de um ano de mandato, porque ele quer morar em Santa Catarina. Está definido isso.", declarou o presidente do PL.
Nos bastidores, aliados de Carlos ainda consideram a possibilidade de disputar o Senado sem abrir mão do cargo no Rio, já que a lei não exige desincompatibilização para vereadores que concorrem a outro posto no mesmo estado.
Na mesma entrevista, Valdemar também disse que Paes, adversário de Carlos na Câmara, “é muito bom prefeito” e defendeu que membros do PL precisam “reconhecer essas coisas, mesmo sendo de outro partido”. Ele ainda sugeriu haver “simpatia” pela candidatura de Paes ao governo do Rio.
"Acho muito difícil alguém tirar a eleição do Eduardo Paes. E o pessoal nosso tem simpatia por ele também.", declarou Valdemar.
Bruno Bonetti, aliado de Valdemar e dirigente do PL no Rio, afirmou ao GLOBO que a possibilidade de o partido apoiar Paes em 2026 “é zero, em letras garrafais”. Ele lembrou ainda que Valdemar disse, na mesma entrevista, que o PL no estado “tem autonomia” para definir alianças.
"Em 2020, ajudamos a eleger Eduardo (Paes) à prefeitura, e depois ele nos tirou do governo. Qual seria o sentido de compor agora? Ainda mais depois que concorremos contra ele em 2024.", afirmou Bonetti, lembrando a candidatura de Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura.
Nas redes sociais, o deputado estadual Márcio Gualberto (PL) também rebateu Valdemar, afirmando que “jamais” apoiaria Paes. “Perco a cabeça, mas não perco o juízo”, publicou.
O PL pretende lançar duas candidaturas ao Senado no Rio, com Flávio Bolsonaro (PL-RJ) buscando a reeleição e a possível inclusão do governador Cláudio Castro na chapa. Quanto à disputa pelo governo, ainda há indefinição, mas o partido vinha conversando sobre apoio a Rodrigo Bacellar (União), adversário de Paes e presidente da Alerj.
Além do desgaste no Rio, Valdemar também criou conflito com Eduardo Bolsonaro ao insistir que ele deve concorrer ao Senado em 2026 e ao criticar sua tentativa de manter viva uma candidatura presidencial mesmo morando nos EUA. Ao GLOBO, Eduardo classificou a fala como “canalhice” e cobrou desculpas. Valdemar reagiu afirmando que “canalhice é xingar o próprio pai”, em referência a mensagens do deputado localizadas pela Polícia Federal no celular do ex-presidente.