O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aguarda uma autorização da Justiça argentina para visitar a ex-presidente Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar desde o dia 17 de junho. Segundo assessores do Palácio do Planalto, Lula manifestou interesse em realizar o encontro paralelamente à Cúpula do Mercosul, que acontece em Buenos Aires nos dias 2 e 3 de julho. A viagem do presidente brasileiro à capital argentina está marcada para esta quarta-feira (2), com retorno previsto para a tarde de quinta-feira (3).

Os advogados de Cristina, que é adversária política do atual presidente da Argentina, Javier Milei, apresentaram nesta terça-feira (1º) um pedido à Justiça para que Lula possa realizar a visita. Como a ex-presidente está cumprindo pena em regime domiciliar, todas as visitas precisam de autorização judicial prévia. Até o momento, o Itamaraty não foi oficialmente comunicado sobre a liberação, mas, segundo integrantes do governo brasileiro, se houver sinal verde, Lula pretende realizar o encontro.

Cristina Kirchner governou a Argentina entre 2007 e 2015 e foi condenada a seis anos de prisão por corrupção, acusada de liderar um esquema que teria desviado cerca de US$ 1 bilhão dos cofres públicos durante os mandatos dela e de seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner. A Suprema Corte do país rejeitou todos os recursos da defesa, e Cristina cumpre pena em seu apartamento, em Buenos Aires. Ela nega as acusações.

Durante a cúpula do Mercosul, os chefes de Estado devem debater temas como a flexibilização da Tarifa Externa Comum (TEC) e o avanço nas negociações de acordos com outros blocos econômicos. Um dos pontos centrais será a formalização de um entendimento que amplia para até 50 itens a lista de exceções à TEC, atendendo a um pedido da Argentina. O Brasil já havia concordado com a medida em abril, e a decisão deve ser oficializada durante o encontro.

Também está na pauta o andamento das negociações comerciais entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), formada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. Não há previsão de uma reunião bilateral entre Lula e Javier Milei durante a estadia do presidente brasileiro no país vizinho.