Bancada do agro critica governo por convite de última hora ao Plano Safra

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lança nesta terça-feira (2), no Palácio do Planalto, o Plano Safra 2025/2026 voltado à agricultura empresarial, em meio a críticas e à ausência da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), principal representação do setor no Congresso Nacional.
A bancada do agro, composta por 353 parlamentares, não enviará representantes ao evento. Segundo integrantes da FPA, o convite do Palácio do Planalto foi encaminhado apenas na noite de segunda-feira (1º), às 18h25, o que inviabilizou a presença. O presidente da frente, deputado Pedro Lupion (PP-PR), está em compromisso no Paraná, seu reduto eleitoral. A semana legislativa em Brasília também está esvaziada pela participação de deputados e senadores no 13º Fórum Jurídico de Lisboa, em Portugal.
A Presidência da República informou, por meio da assessoria, que “os parlamentares ligados ao setor do agronegócio foram convidados para o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026, realizado no Palácio do Planalto”.
A ausência da FPA no evento desta terça-feira escancara o distanciamento político entre o governo e o setor agropecuário, historicamente mais próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em contraponto ao lançamento do plano, a FPA convocou uma coletiva de imprensa para esta tarde, com a expectativa de críticas à condução da política agrícola do atual governo.
Na cerimônia, o governo federal anuncia R$ 516,2 bilhões em crédito rural voltado à agricultura empresarial para o ciclo 2025/2026, o que representa um aumento de 1,5% em relação à safra anterior. Os recursos visam financiar custeio, comercialização e investimentos, com foco na sustentabilidade da produção e no incentivo à transição energética no campo.
Este é o segundo dia de anúncios do Plano Safra. Na segunda-feira (1º), o governo destinou R$ 89 bilhões à agricultura familiar, com destaque para linhas de crédito com juros subsidiados e medidas voltadas ao apoio técnico e à inclusão de mulheres e jovens no campo.
Apesar do volume recorde de recursos, a relação entre o Palácio do Planalto e o setor agropecuário segue marcada por tensão política, especialmente diante da resistência de lideranças do agro às pautas ambientais defendidas pelo governo e à condução da reforma tributária.
A expectativa agora é sobre como o mercado e os produtores rurais vão reagir ao anúncio, especialmente diante da sinalização de aumento de recursos, mas com juros ainda considerados elevados por parte do setor.