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    De costelão a reunião sobre cannabis, careca do INSS teve encontros com senador Weverton Rocha

    Agência O Globo
    De costelão a reunião sobre cannabis, careca do INSS teve encontros com senador Weverton Rocha

    Um dos principais personagens do escândalo das fraudes no INSS, o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "careca do INSS", era uma figura conhecida nos círculos políticos de Brasília. Um dos parlamentares com quem teve contato foi o senador Weverton Rocha (PDT-MA), aliado do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi. Os dois se reuniram no Senado e estiveram juntos na casa do parlamentar em Brasília durante um "costelão" (churrasco de costela).

    Os encontros foram confirmados por pessoas próximas ao senador e pela própria assessoria do parlamentar. "Conheci Antônio Carlos Camilo Antunes em um costelão na minha casa, para a qual ele foi levado por um convidado. Na ocasião, ele se apresentou como empresário do setor farmacêutico", disse Weverton em nota enviada ao GLOBO.

    Weverton contou que recebeu o careca do INSS em seu gabinete no Senado ao menos três ou vezes "para tratar da pauta legislativa de legalização da importação de produtos à base de canabis para fins medicinais". Procurado por meio de seu advogado, Antunes não comentou.

    O parlamentar do PDT, que não é investigado, é um dos vice-líderes do governo no Senado. Devido à sua influência no Congresso, ele foi convidado para integrar a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que foi à China na semana passada. No governo de Dilma Rousseff, foi assessor de Carlos Lupi no Ministério do Trabalho. Na época, o ministro deixou a pasta após suspeitas de desvios de recursos. Ele nega ter cometido irregularidades.

    Peça-chave
    O careca do INSS se tornou uma figura central no escândalo dos descontos indevidos de aposentadorias e pensões. Em abril, ele e outros suspeitos foram alvos de uma operação da Polícia Federal que apura indícios de desvios de recursos. Segundo estimativas do governo, quatro milhões de pessoas podem ter sido vítimas do esquema que movimentou R$ 6 bilhões.

    Ao mapear o caminho do dinheiro desviado, a PF descobriu que o careca do INSS é “sócio de uma miríade de empresas” de diferentes setores. Pessoas físicas e jurídicas ligadas a ele receberam R$ 53,5 milhões de entidades sindicais e de empresas relacionadas às associações.

    De acordo com a PF, Antunes é dono de uma frota de oito carros de luxo. Ele também tem imóveis em São Paulo e em Brasília, incluindo uma casa no Lago Sul, bairro nobre da capital federal — que ele teria comprado à vista, no valor de R$ 3,3 milhões, conforme documentos da investigação.

    O empresário também consta como representante legal de uma firma sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. “Trata-se, possivelmente, de uma offshore constituída por Antônio Carlos, a fim de blindar o patrimônio ilegítimo amealhado”, informou a PF.

    Os ex-advogados de Antunes, que deixaram a defesa nesta sexta-feira, afirmam que a inocência do empresário será provada. “A defesa confia plenamente na apuração dos elementos constantes nos autos e na atuação das instituições do Estado Democrático de Direito. Ao longo do processo, a inocência de Antonio será devidamente comprovada", disseram eles em nota.

    Relação com diretor
    Além do careca do INSS, Weverton teve contato o ex-diretor de Benefícios do INSS André Fidélis, outra figura que a PF aponta como um dos principais personagens do suposto esquema. À época, o servidor buscava ajuda no Congresso para ser nomeado na cúpula do instituo. "Fiz o apoiamento do André Fidélis por ser um funcionário de carreira, que chegou a mim com um ótimo currículo dentro da Previdência”, afirmou o parlamentar, em nota.

    Fidélis foi afastado do cargo no ano passado após as primeiras suspeitas envolvendo os descontos indevidos nas aposentadorias. Segundo a investigação, pessoas e empresas ligadas a ele receberam R$ 5,1 milhões de “intermediárias relacionadas às entidades associativas”.

    Procurado, André Fidélis negou a indicação política de Weverton e disse que o seu nome chegou a Lupi por ser servidor de carreira do INSS, tendo já ocupado a função de superintendente:

    — Os superintendentes têm muita experiência e normalmente, são escolhidos para assumir a diretoria. E o foco era acabar com a fila. Quando Lupi assumiu, fui escolhido entre os superintendentes para fazer uma apresentação de como acabar com a fila e Lupi gostou — afirmou.

    A relação entre Fidelis e o careca do INSS, segundo a PF, se dava por meio do filho do ex-diretor, o advogado Eric Fildelis. Ao rastrear os repasses feitos pelas consultorias em nome do empresário a investigação identificaou que ao menos R$ 1,5 milhão foi transferido para contas do escritório de Eric, que nega qualquer irregularidade.

    Segundo a PF, o dinheiro tinha como destinatário Fidelis. "Esse movimento, somado às ligações com as entidades associativas, ‘reforça as suspeitas de irregularidades financeiras e desvios de dinheiro’”, diz o relatório da PF. (Colaborou Ivan Martínez-Vargas)




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