“Seria burrice” diz Zambelli sobre invasão ao sistema do CNJ, após sua condenação

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada nesta quarta-feira (14) pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou nesta quinta (15) que não colocaria em risco seu mandato por uma "brincadeira sem graça". O julgamento no STF determinou que Zambelli cumpra pena de 10 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, por invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica, crimes praticados em conjunto com o hacker Walter Delgatti.
Durante pronunciamento à imprensa, a parlamentar classificou como “ridícula” a ideia de ter participado da inserção de documentos falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), incluindo um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
"Não iria de forma alguma brincar de fazer invasão ao CNJ, brincar de mandar prender o Alexandre de Moraes, ainda mais assinado pelo próprio Alexandre de Moraes. É tão ridículo que realmente, como disse a ministra Carmen Lúcia e o ministro Alexandre de Moraes, seria burrice. Eu não colocaria meu mandato em risco por causa de uma brincadeira sem graça", afirmou.
Zambelli também questionou a solidez da acusação. “As acusações não são sólidas”, disse ela, alegando que não há provas suficientes que justifiquem sua condenação. Ela também afirmou que, se tiver mandado de prisão decretado, irá se apresentar à Justiça. Segundo a parlamentar, sofre de depressão e faz uso contínuo de medicamentos. "Já tenho vários relatórios médicos que mostram que eu não sobreviveria na prisão."
O julgamento teve resultado unânime entre os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. A condenação também torna Zambelli inelegível e, após o trânsito em julgado, caberá à Câmara dos Deputados declarar a perda de seu mandato. Ela e Delgatti ainda terão que pagar R$ 2 milhões por danos morais e coletivos.
O relator, Alexandre de Moraes, destacou que a deputada atuou como “instigadora” e “mandante” das ações. Segundo ele, os atos representam uma “afronta direta à dignidade da Justiça”, abalam a credibilidade do Judiciário e violam princípios constitucionais.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustentou que a intenção da parlamentar ao orientar o hacker era “colocar em dúvida a legitimidade da Justiça” e estimular atos antidemocráticos. “A atuação vil de uma deputada, que exerce mandato em representação do povo brasileiro, e de um indivíduo com conhecimentos técnicos específicos causou relevantes e duradouros danos à credibilidade das instituições”, afirmou Moraes em seu voto.
Sobre Delgatti, Zambelli declarou: “Sinceramente não sei o que motivou ele, mas acho que na maioria das vezes um hacker faz isso por vaidade. O porquê ele quis jogar isso em cima de mim até hoje a gente não sabe e muito provavelmente não saberemos.” A deputada ainda ressaltou que “a própria Polícia Federal nomeia ele como um mitômano [transtorno psicológico que se caracteriza pela compulsão em mentir]”.
A decisão do STF segue pendente de recurso. Caso confirmada, os efeitos sobre o mandato e a elegibilidade da deputada serão imediatos.