Fernanda Torres e Walter Salles são as Personalidades do Ano do Prêmio Faz Diferença 2024

Nenhum nome brilhou mais intensamente nos últimos nove meses do que os de Walter Salles e Fernanda Torres. Desde que atravessaram o tapete vermelho do Festival de Veneza, em setembro de 2024, a dupla permaneceu sob os holofotes internacionais, conduzindo o filme Ainda Estou Aqui em uma maratona de exibições pelo mundo. A obra, uma adaptação do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, não apenas emocionou plateias, mas acumulou mais de 40 prêmios internacionais — entre eles o Leão de Ouro de melhor roteiro em Veneza, o Globo de Ouro de melhor atriz em filme dramático e, coroando a trajetória, o Oscar de Melhor Filme Internacional, conquista inédita para o Brasil nos 97 anos da premiação.
Mesmo após o reconhecimento máximo da Academia de Hollywood, Ainda Estou Aqui continuou sua jornada vitoriosa. Em abril, foi o grande destaque nos Prêmios Platino, a mais importante celebração do cinema ibero-americano, levando as estatuetas de melhor filme, direção e atriz. Pelo impacto global e pela qualidade do trabalho, Salles e Fernanda foram eleitos as Personalidades do Ano pelo júri do 22º Prêmio Faz Diferença, promovido pelo jornal O GLOBO, que em 2024 celebra seu centenário.
— Jamais imaginamos que um drama tão pessoal e político se tornaria um fenômeno popular, diz Fernanda Torres, destacando os 5,8 milhões de ingressos vendidos no Brasil. — A segunda grande surpresa foi a conexão com o público estrangeiro, algo raríssimo. Foi um processo artesanal, festival a festival, sessão a sessão, por três continentes. Um esforço sobre-humano, mas que deu frutos lindos.
Walter Salles fez questão de dividir os méritos com toda a equipe. Destacou a força universal da narrativa de Marcelo Rubens Paiva, a “sensibilidade brasileira” de Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, e o roteiro de Murilo Hauser e Heitor Lorega, que, segundo ele, acreditou numa narrativa que respeita o tempo.
A parceria entre diretor e atriz tem raízes antigas. Os dois haviam trabalhado juntos quase 30 anos antes, em Terra Estrangeira (1995), codirigido por Daniela Thomas.
— Começamos jovens e seguimos amigos. Vê-la agora em plena maturidade artística foi comovente. Durante esses oito meses, caminhar ao seu lado foi um presente. Se o livro do Marcelo foi o coração do filme, a Nanda foi a alma, diz Salles. — Sua inteligência emocional decifrou as múltiplas camadas de Eunice Paiva, captando sua resistência afetuosa e firme.
Fernanda também celebrou o reencontro:
— Formamos uma grande dupla. Walter tem um domínio raro do cinema e conduziu o lançamento com integridade. Confiou na força da história, nunca cedeu ao marketing.
— O filme me exigiu muito. Em cada entrevista ou aparição, senti o peso de representar a Eunice, uma mulher gigante, e também o meu país. Foi bom que esse momento tenha chegado na minha fase de maturidade — e com Walter ao meu lado.
Um fenômeno além do cinema
Além das salas de exibição e das premiações, Ainda Estou Aqui conquistou o público nas redes sociais. Primeiro longa original do Globoplay, o filme se tornou viral com facilidade: uma foto de Fernanda Torres postada no perfil da Academia, em novembro de 2024, alcançou 2,9 milhões de curtidas e 845 mil comentários, números nunca antes vistos. Para efeito de comparação, uma imagem da atriz Demi Moore publicada no mesmo dia teve apenas 58,5 mil curtidas.
A vitória de Fernanda no Globo de Ouro ajudou a impulsionar a audiência da premiação em 9% em relação ao ano anterior — mas foi nas redes que o impacto foi ainda maior: engajamento recorde, com crescimento de 124%.
— A vibração do público brasileiro foi sentida por onde passamos. Ela nos ajudou na principal missão: fazer com que as pessoas assistissem ao filme antes de votar. Tudo aconteceu organicamente, na base do boca a boca, diz Walter.
O carisma de Fernanda manteve o filme em destaque. Seja em entrevistas com Jimmy Kimmel e Christiane Amanpour, ou em encontros inusitados como o com Ariana Grande no Festival de Santa Barbara, a atriz conquistou públicos de diferentes culturas. Os brasileiros resgataram memes antigos de suas comédias (Os Normais, Tapas & Beijos) e transformaram em viral qualquer fala sua — como a frase “a vida presta”, usada para agradecer ao Globo de Ouro.
Durante o carnaval, Ainda Estou Aqui inspirou blocos pelo país. Locações do filme se tornaram pontos turísticos: a casa na Urca que representou o lar da família Paiva virou símbolo da produção, e a Confeitaria Manon, que no filme se transformou na icônica lanchonete Chaika, foi redescoberta por uma nova geração de cinéfilos. O impacto cultural foi tão grande que o prefeito Eduardo Paes manifestou o desejo de transformar o imóvel da Urca na Casa do Cinema Brasileiro.
Reconhecimento
A eleição de Walter Salles e Fernanda Torres como Personalidades do Ano foi decidida por voto popular e por um júri composto por Alan Gripp (diretor de Redação de O GLOBO), os colunistas Ancelmo Gois, Lauro Jardim, Merval Pereira, Míriam Leitão e Luiz Caetano Alves (presidente da Firjan).
Na 22ª edição do Prêmio Faz Diferença, que será entregue em julho — mês do centenário de O GLOBO —, também serão homenageados os maiores destaques do ano em outras 14 categorias, reconhecendo talentos e realizações que, assim como Ainda Estou Aqui, marcaram a cultura e a sociedade brasileira.
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