Relação entre governo e base aliada enfrenta incertezas

Folha de São Paulo
Relação entre governo e base aliada enfrenta incertezas Lula e Davi Alcolumbre — Foto: Reprodução

Em meio à estagnação da reforma ministerial e à crescente desconfiança entre os aliados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na última semana ser “candidatíssimo” à reeleição em 2026. A fala, feita em jantar com deputados no dia 23, foi recebida por integrantes da base como uma tentativa de conter o avanço da percepção de enfraquecimento político. Apesar do gesto, o apoio dos partidos que compõem sua coalizão segue fragilizado e sem garantias para um quarto mandato.

Apoio sob desconfiança

União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos — partidos de centro e direita que integram a base de Lula — somam 240 deputados, quase metade da Câmara, mas mantêm um comportamento errático e não asseguram apoio à reeleição do petista. Muitos de seus líderes são entusiastas da possível candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o que adiciona tensão ao cenário eleitoral.

Nenhum dirigente das cinco siglas consultado pela reportagem confirmou compromisso com a candidatura de Lula em 2026, apesar de os partidos controlarem juntos 11 ministérios.

Reforma ministerial emperrada

Uma das principais promessas do governo após as eleições municipais de 2024 era realizar uma reforma ministerial para acomodar forças políticas de forma mais estável. No entanto, passados seis meses, as únicas mudanças concretas foram trocas no próprio PT e saídas forçadas, como a de Carlos Lupi (PDT), por causa do escândalo no INSS, e de Juscelino Filho (União Brasil), alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República.

O episódio envolvendo o deputado Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA), que foi anunciado como novo ministro das Comunicações mas recuou diante da pressão interna, expôs ainda mais a fragilidade da articulação política do Palácio do Planalto.

Tarcísio, Bolsonaro e o futuro da direita

Parlamentares da base destacam que a possível candidatura de Tarcísio de Freitas pode unir as forças políticas fora do campo da esquerda. A incógnita em torno da inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) também pesa. Se o ex-presidente não puder concorrer, poderá apoiar Tarcísio ou lançar um nome da família, como os filhos Flávio ou Eduardo Bolsonaro.

Essa movimentação pode reorganizar o tabuleiro político, principalmente se a economia não mostrar sinais claros de recuperação ou se a popularidade de Lula continuar em queda — como ocorreu em fevereiro, quando atingiu seu pior patamar desde o início do mandato.

Centrão dividido

O União Brasil, fruto da fusão entre DEM e PSL, simboliza o impasse. Com três ministérios, abriga alas fisiológicas, bolsonaristas e independentes. Entre os independentes está o governador Ronaldo Caiado (GO), pré-candidato à Presidência, mas com apoio limitado na sigla. Recentemente, o partido anunciou uma federação com o PP, marcada por tom oposicionista.

No PSD, Gilberto Kassab atua como um dos líderes da chamada “base infiel”. Apesar de controlar três ministérios, o partido apoia Tarcísio em São Paulo e resiste a um alinhamento automático com Lula. O MDB vive situação semelhante: embora tenha nomes próximos ao presidente, como Helder Barbalho e Renan Calheiros, também abriga alas oposicionistas e guarda mágoas do impeachment de Dilma Rousseff, comandado pela legenda.


















Já o PP mantém influência sobre a Caixa e o Ministério dos Esportes, mas seu presidente, Ciro Nogueira (PI), é um dos principais opositores de Lula. O Republicanos, partido de Tarcísio, tem base evangélica fortemente antipetista, especialmente no Sul e Sudeste.




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