Queda de ministro tensiona relação tumultuada entre PDT de Ciro e PT

Folha de São Paulo
Queda de ministro tensiona relação tumultuada entre PDT de Ciro e PT Ministro Carlos Lupi (Previdência), que pediu demissão do cargo no governo Lula após escândalo do INSS - Pedro Ladeira - 4.mar.24/Folhapress

A saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência tende a aumentar a tensão entre PT e PDT, partidos que disputam espaço na esquerda e acumulam um histórico de alianças instáveis e rivalidades políticas. A decisão foi tomada nesta sexta-feira (2), em meio à crise dos descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS.

Embora Lupi não seja investigado, integrantes do governo avaliaram que ele falhou ao não conter os problemas no INSS. O caso gerou forte desgaste político e, agora, pode comprometer a relação entre os dois partidos. Com 17 deputados, o PDT tem sido um dos mais leais ao governo Lula no Congresso, mas pode adotar uma postura mais independente após o episódio.

Parlamentares do PDT afirmam que Lupi foi "fritado" dentro do governo e se sentiram desprestigiados quando o presidente Lula nomeou o procurador Gilberto Waller Júnior para comandar o INSS, sem consultar o partido. Waller substitui Alessandro Stefanutto, demitido após uma operação da PF e da CGU que revelou um esquema de descontos indevidos em benefícios do INSS.

Lula já convidou Wolney Queiroz (PDT-PE), atual secretário-executivo da pasta, para assumir o ministério. A escolha é vista como pessoal do presidente, e o PDT não pretende indicar outro nome, tampouco se opor à nomeação.

A relação entre PT e PDT é marcada por disputas desde o fim da ditadura. Nos anos 1980, os dois partidos concorriam pela hegemonia da esquerda. Em 1989, Lula chegou ao segundo turno contra Fernando Collor, superando Leonel Brizola, ícone pedetista, que ficou em terceiro.

Apesar de episódios de aliança, como em 1998, quando Brizola foi vice de Lula, os partidos se afastaram nas eleições de 2002 e 2006. A reaproximação veio nos governos Dilma Rousseff, mas foi novamente abalada por escândalos envolvendo Lupi, que também deixou o Ministério do Trabalho em 2011 após denúncias — inclusive de ter sido funcionário fantasma da Câmara.

Nas eleições de 2018 e 2022, o PDT lançou Ciro Gomes à Presidência. Em ambas, Ciro ficou fora do segundo turno. Em 2022, ele dividiu críticas entre Lula e Bolsonaro, irritando petistas que apostavam em voto útil. No segundo turno, o PDT declarou apoio a Lula, mas Ciro evitou envolvimento direto na campanha.

No Ceará, os atritos se intensificaram. Em 2022, o PDT rompeu com o PT ao lançar Roberto Cláudio ao governo estadual, contrariando os petistas, que apoiaram Elmano de Freitas — eleito no primeiro turno. O episódio causou um racha entre Ciro e seu irmão, o senador Cid Gomes, que ficou com o PT e depois migrou para o PSB, levando dezenas de prefeitos consigo.

No ano passado, a rivalidade reapareceu na disputa pela prefeitura de Fortaleza. Partes do PDT chegaram a apoiar o bolsonarista André Fernandes no segundo turno, mas o petista Evandro Leitão acabou vencendo.










Apesar das desavenças, o PDT voltou a apoiar Lula no segundo turno de 2022, o que garantiu a Lupi um lugar no ministério. Desde então, no entanto, o partido vinha manifestando desconforto com a pouca relevância política da pasta.




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