Lula frustra Centrão, e mudanças em ministérios seguem sem aliados

O GLOBO
Lula frustra Centrão, e mudanças em ministérios seguem sem aliados O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) • Ricardo Stuckert/PR

Com a saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social e a iminente substituição da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue promovendo uma reforma ministerial em ritmo lento e pontual. Já são cinco trocas na Esplanada desde janeiro, todas sem ampliar o espaço de partidos do Centrão, que esperavam maior presença no segundo tempo do governo.

As alterações feitas até agora atingiram as pastas de Comunicação Social, Saúde, Relações Institucionais, Comunicações e, mais recentemente, Previdência. Ao contrário da primeira metade do mandato, quando Lula abriu espaço para PP e Republicanos na tentativa de consolidar apoio no Congresso, as mudanças atuais são motivadas por desgastes individuais e não por acordos políticos mais amplos.

Ministério das Mulheres deve ser o próximo alvo

A próxima troca deve ocorrer no Ministério das Mulheres. A atual titular, Cida Gonçalves (PT), enfrenta tensões internas e deve ser substituída por Márcia Lopes, também do PT. Embora a saída de Cida seja dada como certa desde o início do ano, Lula ainda não oficializou a mudança. A ministra, próxima da primeira-dama Janja, já foi investigada por supostas irregularidades e racismo, mas a Comissão de Ética arquivou os processos.

Márcia Lopes é assistente social, ex-ministra do Desenvolvimento Social em 2010 e irmã de Gilberto Carvalho, aliado histórico de Lula. A nomeação manteria a pasta sob comando do PT.

Outras trocas e resistências internas

Há também expectativa de mudança na Secretaria-Geral da Presidência, ocupada por Márcio Macêdo. Nomes cotados são ligados ao PT e ao PSOL. Em janeiro, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) foi substituído por Sidônio Palmeira, marqueteiro da campanha de 2022. Em março, Alexandre Padilha deixou as Relações Institucionais para dar lugar a Gleisi Hoffmann, ex-presidente do PT, que tem uma atuação mais direta no Congresso. Padilha assumiu o Ministério da Saúde, considerado estratégico politicamente.

A mudança desagradou setores do Centrão, que cobiçavam a Saúde por sua visibilidade e capacidade de alocar recursos. Apesar disso, Lula preferiu manter a pasta com alguém de sua confiança.

Em abril, a troca foi nas Comunicações: Juscelino Filho (União Brasil-MA), alvo de denúncia da PGR por suspeita de desvio de emendas, foi substituído por Frederico Vasconcelos, nome ligado ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Centrão quer mais espaço, mas Lula resiste

Partidos do Centrão já integrados ao governo pressionam por mais ministérios. PSD, PP, MDB, Republicanos, União Brasil e até o PDT manifestaram interesse em aumentar sua participação, mas Lula não tem dado sinais de que atenderá essas demandas. “Mudar ou não mudar o governo é uma decisão muito pessoal do presidente”, disse ele em fevereiro.

O PSD, por exemplo, quer comandar o Ministério do Turismo, atualmente ocupado por Celso Sabino (União), o que gera atrito entre os partidos. A recente federação entre União Brasil e PP fortaleceu esse bloco, que agora soma 109 deputados e 14 senadores.













Alcolumbre, figura influente nesse grupo, pressiona para retirar Alexandre Silveira (PSD) do Ministério de Minas e Energia, com quem disputa influência em agências reguladoras. Apesar das articulações, líderes partidários demonstram ceticismo quanto a novas mudanças, especialmente considerando que ministros que queiram disputar as eleições de 2026 precisarão deixar seus cargos até abril do próximo ano.




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