A proposta do BRB (Banco de Brasília) para adquirir o Banco Master está sendo impulsionada por presidentes de partidos que apoiam o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). A relação próxima entre Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master, e os líderes do PP, Ciro Nogueira, e do União Brasil, Antônio Rueda, é crucial, uma vez que Ibaneis precisa desses partidos para formar uma aliança nas eleições de 2026.

A influência dos dirigentes partidários no governo do DF facilitou o acesso dos sócios do Master ao BRB, especialmente diante da dificuldade em encontrar um comprador do setor privado. No próximo ano, Ibaneis pretende concorrer a uma vaga no Senado e apoiar sua vice, Celina Leão (PP), como candidata ao governo do Distrito Federal.

Ainda em 2023, a articulação política em torno do Banco Master começou com Flávia Peres, ex-mulher de José Roberto Arruda (PL) e ex-ministra no governo Jair Bolsonaro, que atualmente é casada com Augusto Lima, sócio do Banco Master. Foi por meio de Flávia que Ciro Nogueira, seu antigo colega no Palácio do Planalto e hoje senador, se conectou com Vorcaro, abrindo portas para o banqueiro em Brasília.

Em agosto do ano passado, Ciro Nogueira defendeu os interesses do Banco Master ao propor um aumento na cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) de R$ 250 mil para R$ 1 milhão por conta, tentando incluir essa proposta em uma PEC sobre outro tema. Essa cobertura é importante para proteger investidores em caso de falência de um banco. Embora a proposta tenha sido rejeitada no Senado, a maior proteção do FGC poderia permitir ao Banco Master aumentar ainda mais a captação através de CDBs, seu principal produto.

Festa e Camarote no Carnaval

Em fevereiro deste ano, um dia após a eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) como presidente da Câmara dos Deputados, Vorcaro participou de uma festa em Brasília para celebrar a vitória, ao lado de um seleto grupo de políticos. Algumas semanas depois, durante o Carnaval no Rio de Janeiro, o dono do Banco Master patrocinou um camarote exclusivo na Sapucaí, que contou com a presença de Ciro, Rueda, o deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL) e outros políticos. O camarote, marcado pela ostentação, refletiu as conexões e a influência do Banco Master na política local. "Era champagne Dom Pérignon servido no banheiro", conta uma pessoa próxima ao banco.

A aproximação com a política de Brasília ocorreu enquanto uma consultoria contratada pelo Banco Master tentava, sem sucesso, vender a instituição a investidores privados, enfrentando ceticismo quanto à solidez de sua carteira de ativos. Nesse cenário, Ibaneis e Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, uniram forças com os presidentes do União Brasil e do PP para tentar viabilizar a transação. Na última sexta-feira, o BRB anunciou a aquisição de 58% das ações do Banco Master.

Tratativas com o BTG  

O Banco Master também negociou com André Esteves, do BTG Pactual, outro potencial comprador, mas até o momento, essas conversas não avançaram. Esteves sugeriu entrar para resolver a situação do Banco Master, mas sem incorporar a instituição de Vorcaro ao patrimônio do BTG, oferecendo comprar o banco por um valor simbólico de R$ 1, de acordo com o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

A avaliação no mercado financeiro sugere que a operação do Banco Master, que possui depósitos de R$ 50 bilhões, representando 50% da liquidez do FGC, é uma bomba-relógio para o balanço de um possível comprador. Recentemente, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, se reuniu com André Esteves, do BTG Pactual, e com Paulo Henrique Costa, do BRB, para discutir a aquisição.

O presidente do BRB declarou à colunista Mariana Barbosa, do UOL, que o banco estatal pretende ficar apenas com os ativos saudáveis do Banco Master. Contudo, fontes do mercado permanecem céticas sobre a viabilidade de separar o que é bom do que é ruim.

A coluna buscou um comentário de Ciro Nogueira e Antônio Rueda e aguarda um posicionamento.