Boulos vira alvo da direita após ser nomeado ministro de Lula: 'Rei das invasões'

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) foi anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta segunda-feira, como o novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência. No cargo, Boulos terá como atribuição aproximar os movimentos sociais do governo, mirando as eleições de 2026. A nomeação foi atacada por parlamentares da oposição nas redes sociais, que ironizaram a trajetória do novo ministro como militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Com mais de duas décadas no movimento social, a atuação de Boulos costuma servir de munição para adversários políticos.
Ainda na noite desta segunda, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) compartilhou uma publicação do vereador de Belo Horizonte, Pablo Almeida (PL). No post, o correligionário de Nikolas divulgou uma foto de Boulos durante uma manifestação do MTST, em 2017, quando chegou a ficar cerca de 10 horas detido pela Polícia Militar de São Paulo. "Que trajetória", escreveu Almeida.
Já o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) divulgou um vídeo para afirmar que a indicação de Boulos é "ótima para a direita", já que o político "será um péssimo ministro, como foi um péssimo deputado na Câmara". Kataguiri também destacou a possibilidade de Boulos não participar das próximas eleições.
— Então, Lula nos deu dois presentes: o primeiro, colocar mais uma pessoa para atrapalhar seu governo. E segundo, tirar das eleições um dos piores candidatos a qualquer cargo no estado de São Paulo — ironizou o parlamentar.
Ex-ministro do Meio Ambiente no governo de Jair Bolsonaro (PT), o deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP) citou os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 para reagir à indicação de Boulos. Ele definiu as depredações em Brasília como uma "balbúrdia", que viraram "fichinha perto da nomeação do rei das invasões como ministro palaciano".
O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), por sua vez, afirmou que a indicação "comprova o que Lula sempre tentou esconder", e definiu o presidente da República como um "radical de extrema-esquerda". Também parlamentar da Câmara dos Deputados, Júlia Zanatta (PL-SC) compartilhou uma notícia sobre o anúncio do novo ministro veiculada pelo portal g1, e ironizou: "já tinha invadido antes de Lula anunciar, diz leitor".
'Indicação muito mais do que merecida'
Apesar dos ataques, Boulos também recebeu o apoio de políticos à esquerda, como a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Em suas redes sociais, ela escreveu que seu correligionário está "pronto para dialogar com os verdadeiros anseios da população brasileira", além de afirmar que a indicação feita por Lula é "muito mais do que merecida" e "necessária".
"E aproveito nossa amizade para já pedir que, assim que estiver com a agenda do seu Ministério em mãos, marque a nossa conversa sobre o fim da escala 6x1", brincou Erika.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL-SP), também se manifestou. Antes de Boulos, apenas ela representava o partido no primeiro escalão do governo. De acordo com Sônia, o agora chefe da Secretaria-Geral da Presidência é um "companheiro de tantos anos e de tantas lutas" e seguirá "brilhantemente" o trabalho deixado por Márcio Macêdo (PT-SE), que ocupava o posto desde janeiro de 2023. Líder do governo na Câmara, o deputado federal José Guimarães (PT-CE) declarou que Boulos chega para "fortalecer o diálogo com a sociedade" e construir "um Brasil mais justo e democrático".