Pela primeira vez na década, agro é mais feminino e tem menos trabalhadores no campo

Folha de S. Paulo
Pela primeira vez na década, agro é mais feminino e tem menos trabalhadores no campo Reprodução

Nos últimos dez anos, o agronegócio passou a ter maior presença feminina, reduziu o número de empregados no campo, ampliou a mão de obra na agroindústria e nos agrosserviços, além de elevar o nível de escolaridade. Porém, a informalidade permaneceu inalterada.

É o que revela o mais recente levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) sobre o setor. Para chegar aos resultados, o Cepea, com metodologia própria, utilizou dados da PNAD-C (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O estudo contou ainda com a colaboração da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

As estatísticas do segundo trimestre deste ano apontam uma força de trabalho de 28,2 milhões de pessoas, representando 26% do total de empregados no Brasil, que soma 108,4 milhões. Trata-se da menor participação do setor desde o início da pesquisa, em 2012.

O levantamento do Cepea contempla dados de quatro áreas: produção primária, que envolve a atividade dentro da porteira; agroindústria, responsável pelo processamento industrial; agrosserviços, que englobam operações financeiras, administrativas e de transporte; e a indústria de insumos, que reúne máquinas, rações e medicamentos veterinários.

A modernização tem provocado forte queda na ocupação dentro da porteira, ao mesmo tempo em que há avanço contínuo no setor de agrosserviços.

Há dez anos, 9,24 milhões de pessoas trabalhavam no campo. No segundo trimestre deste ano, esse número recuou 17%, chegando a 7,7 milhões. Já os agrosserviços tiveram crescimento de 22%, passando de 8,6 milhões para 10,5 milhões no mesmo período.

De acordo com os pesquisadores do Cepea, a redução da mão de obra dentro da porteira está ligada à modernização da agropecuária, o que leva parte dos trabalhadores a migrar para a agroindústria e os agrosserviços. Também pesa o fator demográfico, com a queda do número de filhos nas famílias, além do êxodo rural de jovens, sobretudo de pequenos produtores e da agricultura familiar, para áreas urbanas.

Frente a esse cenário de diminuição do trabalho no campo, Cepea e CNA defendem políticas públicas de inclusão produtiva e de capacitação profissional. Para os analistas, assistência técnica e estímulos ao uso de novas tecnologias também precisam compor esse conjunto de medidas.

A renda real do agronegócio cresceu 13% na última década, enquanto o total no país avançou 9%. Embora a população dentro da porteira tenha encolhido, a redução implicou maior remuneração. O salário médio desse grupo subiu para R$ 1.994, alta de 32% em dez anos.

O setor passou a demandar também maior escolaridade para desempenhar muitas funções. O número de trabalhadores sem instrução caiu 24% na década, chegando a 1,49 milhão. Já os que possuem ensino médio aumentaram 38%, enquanto os com nível superior cresceram 63%.

Com a mecanização no campo, a industrialização e o avanço dos agrosserviços, tornou-se necessário contratar profissionais com maior nível de estudo. Dos 28,2 milhões empregados no agronegócio, 57% possuem ensino médio ou superior.

A informalidade, entretanto, continua presente. Neste ano, 15% dos ocupados não têm carteira assinada, índice acima dos 13% registrados em 2015, segundo os dados do Cepea.

As mulheres representam 10,8 milhões de trabalhadores no agronegócio em 2025, crescimento de 9% em comparação a dez anos atrás. No mesmo período, a participação masculina evoluiu 4,5%. Comparando o segundo trimestre deste ano com o mesmo período de 2024, houve aumento de 0,9% na população ocupada, o que representa 245 mil novas contratações. No campo, houve retração de 202 mil vagas, compensada pela abertura de 326 mil postos nos agrosserviços.















No cenário geral do país, a comparação entre os dois trimestres mostra avanço de 2,3% na força de trabalho, o que equivale a 2,43 milhões de contratações.




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