Desempenho de jovens no ensino médio estagna e desigualdade educacional aumenta


Desempenho de jovens no ensino médio estagna e desigualdade educacional aumenta Reprodução

Em uma década marcada por desafios, o Brasil vê menos jovens saírem do ensino médio com domínio adequado de português e matemática. Os dados, revelados pelo último Anuário Brasileiro da Educação Básica, lançado nesta quinta-feira (25), escancaram a estagnação e até retrocesso no desempenho dos estudantes.

O levantamento, realizado pela organização Todos Pela Educação em parceria com a Fundação Santillana, traz indicadores do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e evidencia que, em 2023, apenas 7,7% dos alunos concluíram o ensino médio com conhecimento satisfatório nas duas disciplinas. Dez anos atrás, esse índice era de 8,3%.

No recorte por disciplina, o português mostra leve avanço, saltando de 27,9% para 37,1% de estudantes com bom desempenho. Já a matemática segue em queda: de 9,8% para 8,6%.

Em São Paulo, maior rede de educação do país, os números também preocupam. O percentual de estudantes do ensino médio com aprendizado adequado caiu de 10,5% em 2013 para 9,1% em 2023. Na rede pública paulista, a diminuição foi ainda mais acentuada, de 6,4% para 4,5%. A matemática é o principal fator desse declínio: nas escolas estaduais, o índice de bom desempenho despencou de 7,2% para 4,9%.

O anuário destaca ainda a persistente desigualdade racial no aprendizado. No Saeb 2023, estudantes brancos e amarelos do 5º ano do fundamental tiveram desempenho 13,5 pontos percentuais superior ao de pretos, pardos e indígenas. No fim do ensino médio, a diferença era de 7,6 pontos percentuais.

Levantamento do Instituto Iede, divulgado em agosto pela Folha, mostrou que apenas 11 estados conseguiram melhorar o desempenho de estudantes negros e pobres entre 2019 e 2023. Em São Paulo, houve piora entre alunos vulneráveis: o percentual de estudantes de baixo nível socioeconômico com conhecimento satisfatório em matemática caiu de 15,7% para 13,3%.

As taxas de conclusão também escancaram a desigualdade. Em 2024, 94,7% dos jovens amarelos e 91,5% dos brancos finalizaram o fundamental aos 16 anos. Entre pardos, pretos e indígenas, os índices foram de 83,5%, 80,9% e 78,1%, respectivamente. No ensino médio, aos 19 anos, 85,5% dos amarelos e 79,4% dos brancos estavam diplomados, contra 66,6% dos pardos, 62,1% dos pretos e apenas 32,2% dos indígenas.

Em 2014, 86,5% dos amarelos e 82% dos brancos concluíram o fundamental na idade certa, enquanto pardos, indígenas e pretos ficaram em 67,7%, 66,2% e 63,3%. No médio, os índices eram 71,1% (amarelos), 65,2% (brancos), 47,6% (pardos e pretos) e 27,2% (indígenas).

A desigualdade também aparece nas matrículas: em 2024, 87,7% dos jovens amarelos e 86,9% dos brancos de 15 a 17 anos estavam cursando o ensino médio, enquanto pardos, pretos e indígenas registraram 80%, 79,4% e 79,1%.

"O Anuário se consolida, a cada edição, como uma ferramenta essencial para gestores públicos, organizações da sociedade civil. Em um momento decisivo, com o novo Plano Nacional de Educação em debate e políticas estruturantes, como a da primeira infância, ganhando forma, reunir e organizar dados com rigor técnico é essencial para orientar escolhas mais eficazes", diz Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos.

O anuário expõe ainda uma lacuna em relação à diversidade étnico-cultural: apenas 40% das escolas em terras indígenas utilizam material pedagógico específico. Nas áreas quilombolas, esse índice é de apenas 7,4%.






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