Sofomaníaco: o perigo da falsa sabedoria na era das redes sociais

O termo sofomaníaco descreve pessoas que acreditam saber muito mais do que realmente sabem. A origem da palavra está na filosofia grega antiga, especialmente nas críticas que Sócrates fazia aos sofistas — aqueles que usavam um discurso eloquente para parecerem sábios, sem ter um conhecimento verdadeiro. Para Sócrates, essa falsa sabedoria era perigosa porque confundia aparência com realidade.
Nos dias de hoje, o fenômeno do sofomaníaco ganhou um novo palco: as redes sociais. Ali, o barulho das opiniões vazias e exageradas muitas vezes se sobrepõe às análises profundas e bem fundamentadas. A velocidade e o alcance dessas plataformas favorecem quem fala alto, não necessariamente quem fala com propriedade.
Essa cultura da “sabedoria de fachada” contribui para a disseminação de desinformação e o enfraquecimento do debate público. A facilidade de expressar uma opinião e o desejo por reconhecimento levam muita gente a acreditar que domina assuntos complexos apenas por repetir ideias populares ou frases feitas.
Além disso, o sofomaníaco moderno não está apenas ignorando o conhecimento, mas também alimentando a polarização e o conflito entre grupos. Em vez de promover o diálogo, muitas vezes se apropria da retórica para atacar, desqualificar e reafirmar suas crenças, mesmo quando estão erradas.
A grande questão é: como desconstruir essa mania do “eu sei tudo” em um mundo digital que valoriza o imediatismo e a viralização? Talvez o caminho esteja em resgatar o senso de humildade intelectual — reconhecer que ninguém sabe tudo e que o aprendizado é um processo contínuo.
Mais do que nunca, é preciso cultivar o pensamento crítico, questionar fontes, e dar espaço para o diálogo verdadeiro. Só assim poderemos escapar da armadilha do falso saber e construir uma cultura de conhecimento mais sólida e respeitosa. Afinal, a sabedoria não é sobre parecer sábio, mas sobre estar aberto para aprender — mesmo quando isso desafia nossas certezas.