Queda no preço da gasolina ainda não chegou ao consumidor

O corte anunciado pela Petrobras no preço da gasolina ainda não foi totalmente sentido nas bombas. Levantamentos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da empresa ValeCard indicam que a redução, estimada pela estatal em R$ 0,12 por litro, teve impacto muito abaixo do esperado na primeira semana após o anúncio.
Segundo a ANP, o preço médio da gasolina caiu apenas R$ 0,02, passando de R$ 6,27 para R$ 6,25 por litro. Já os dados da ValeCard, que monitora o mercado entre postos de combustíveis, mostram que apenas dez estados registraram queda no valor do combustível entre domingo (1º) e quinta-feira (6), sendo que em apenas três desses a redução superou R$ 0,05.
O anúncio da Petrobras foi feito na segunda-feira (2), marcando o primeiro corte no preço da gasolina em 2025. Desde então, a empresa e o governo têm criticado publicamente os revendedores por não repassarem as reduções aos consumidores. A presidente da estatal, Magda Chambriard, chegou a sugerir que os consumidores pressionem os donos de postos.
Entidades do setor, no entanto, argumentam que o repasse depende também das distribuidoras. O sindicato dos postos do Paraná (Paranapetro), por exemplo, afirmou que nem sempre as distribuidoras transferem imediatamente as reduções de preços: “Em cortes recentes no diesel, as principais distribuidoras não repassaram a baixa na íntegra”, disse a entidade em nota.
Apesar disso, dados da ANP apontam que as distribuidoras reduziram o preço do diesel em R$ 0,37 desde o pico de R$ 5,72 em fevereiro. No mesmo período, a queda nos postos foi de R$ 0,39 – sinal de que, neste caso, o repasse foi praticamente completo. Na última semana, porém, o ritmo de redução desacelerou: o diesel S-10 teve queda de apenas R$ 0,01, sendo vendido em média a R$ 6,05 por litro.
O etanol hidratado também apresentou recuo, impulsionado pelo avanço da safra da cana-de-açúcar. Segundo a ANP, o litro foi vendido a R$ 4,24 na média nacional, R$ 0,03 a menos que na semana anterior e R$ 0,15 abaixo do pico de fevereiro.
A gasolina tem peso importante no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador que baliza a política de juros no país. De acordo com o economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), se o corte de R$ 0,12 for integralmente repassado aos consumidores, o impacto negativo no índice será de 0,10 ponto percentual.