Fusão com Podemos não freia debandada, e tucanos aguardam para sair

O PSDB vive uma das fases mais críticas de sua história. Apesar dos esforços da direção nacional para reestruturar a legenda visando as eleições de 2026 — incluindo uma possível fusão com o Podemos — o partido enfrenta um processo acelerado de esvaziamento. A debandada de lideranças não se limita a São Paulo, mas é mais visível no estado que sempre foi o principal reduto tucano.
A sigla já perdeu dois de seus três governadores — Eduardo Leite (RS) e Raquel Lyra (PE) — ambos migraram para o PSD. O terceiro, Eduardo Riedel (MS), também é alvo de assédio de outras legendas. No Congresso, o PSDB tem visto sua bancada minguar e corre o risco de ficar abaixo da cláusula de desempenho nas próximas eleições, o que reduziria drasticamente seu acesso ao fundo partidário e à propaganda gratuita.
Em São Paulo, onde o desgaste é mais acentuado, vários deputados estaduais e federais devem deixar o partido na janela de abril de 2026, ou até antes, dependendo da decisão do TSE sobre a fusão com o Podemos. A estratégia de dirigentes tucanos é incorporar o Podemos — e não o contrário — para tentar evitar a justificativa legal que permitiria a saída de parlamentares sem perda de mandato.
Parlamentares históricos, como Mauro Bragato e Carlão Pignatari, já sinalizaram saída. Deputados como Carla Morando e Maria Lúcia Amaury também devem migrar para outras siglas, como PSD, MDB, PL ou Republicanos. Na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio já deixou o partido e enfrenta processo por infidelidade partidária.
No interior paulista, o PSDB governa hoje apenas 21 prefeituras. Na capital, perdeu toda a bancada de vereadores em 2024, após falta de articulação política e decisões controversas, como o lançamento da candidatura de José Luiz Datena, que teve desempenho pífio nas urnas.
Nesta semana, em convenção nacional realizada em Brasília, os membros do PSDB aprovaram o início do processo de fusão com o Podemos, deixando em aberto pontos como nome, número de urna e identidade visual da nova legenda. A previsão é que o pedido seja apresentado à Justiça Eleitoral até o final de julho e, se aprovado, a fusão será oficializada até outubro.
Com a fusão, o novo partido passaria a ter a quinta maior fatia do fundo partidário (cerca de R$ 90 milhões) e uma bancada de 28 deputados federais e 7 senadores. A aposta da direção tucana é que esse movimento ajude a legenda a resistir ao processo de fragmentação que ameaça sua existência nas próximas eleições.