Inflação da Argentina desacelera para 2,8% em abril, mas país segue em ajuste fiscal rigoroso

Inflação da Argentina desacelera para 2,8% em abril, mas país ainda vive forte ajuste
A inflação da Argentina foi de 2,8% em abril, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (14) pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). O índice representa uma desaceleração frente aos 3,7% registrados em março.
A taxa acumulada em 12 meses caiu de 55,9% para 47,3%, indicando uma tendência de redução da inflação no país, que vive um severo ajuste fiscal sob a gestão do presidente Javier Milei.
O setor que mais subiu em abril foi o de restaurantes e hotéis (4,1%), seguido por recreação e cultura (4%), vestuário e calçados (3,8%), alimentos e bebidas não alcoólicas (2,9%) e bebidas alcoólicas e tabaco (2,8%).
Embora o índice oficial de preços tenha mostrado sinais de progresso no primeiro ano de governo de Milei, nos últimos meses a inflação mensal tem se mantido entre 2% e 3%. Para o presidente, manter esse ritmo é essencial para atingir sua meta: “baixar a inflação abaixo de 2% ao mês” e, assim, avançar na eliminação dos controles cambiais que travam investimentos.
Desde que assumiu o cargo, em dezembro de 2023, Milei implementou medidas drásticas, como o corte de repasses a estados, a paralisação de obras públicas e o fim de subsídios em serviços essenciais — o que impactou diretamente o custo de vida da população. Ao mesmo tempo, a pobreza se agravou, atingindo 52,9% dos argentinos no primeiro semestre de 2024. No segundo semestre, caiu para 38,1%, mas ainda afeta cerca de 11,3 milhões de pessoas.
Apesar do cenário social delicado, a política econômica do governo conseguiu superávits fiscais consecutivos e atraiu a confiança do mercado internacional. Em abril, o presidente firmou um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), no valor de US$ 20 bilhões. “A primeira parcela, de US$ 12 bilhões, foi liberada poucos dias depois”, destacou o governo. O acordo se soma à dívida anterior do país com o FMI, que ultrapassa os US$ 40 bilhões.
Com o novo respaldo financeiro, o banco central anunciou a redução do “cepo cambial” e a adoção do câmbio flutuante, encerrando a paridade fixa do peso argentino com o dólar, vigente desde 2019. A mudança sinaliza o início de uma nova fase na política monetária do país.