Nilson S. Aliprandi
Conectados ou Perdidos? O Impacto das Redes Sociais na Nossa Saúde Mental

As redes sociais chegaram prometendo nos conectar. E, de fato, conectaram. Mas, para muitos, também trouxeram ansiedade, comparação e solidão. Quantas vezes você já pegou o celular "só para dar uma olhadinha" e, quando viu, tinha perdido uma hora rolando a tela sem nem perceber?
Ou se sentiu mal ao comparar sua vida com a "perfeição" que outros exibem? Se respondeu sim, saiba: você não está sozinho.
O problema não está em usar as redes — e sim em como as usamos. Essas plataformas foram
cuidadosamente projetadas para capturar sua atenção: cada like, cada notificação, cada novo
conteúdo é pensado para te manter ali, rolando sem parar. Enquanto isso, a vida passa lá fora.
Perdemos tempo precioso, nos comparamos com versões editadas da realidade e, muitas vezes, saímos da experiência nos sentindo menores.
Mas, se sabemos que isso pode fazer mal, por que seguimos presos? A resposta é simples e
inquietante: redes sociais acionam nossos sentimentos e emoções.
A busca por aprovação, o medo de ficar de fora (FOMO — fear of missing out), a necessidade de pertencimento... tudo isso é explorado com maestria — e perigo. O resultado? Pessoas que acordam e checam o celular antes mesmo de sair da cama, que se angustiam ao ficarem desconectadas, que associam seu valor pessoal ao número de curtidas.
Nos últimos anos, a preocupação com os efeitos do uso excessivo das redes, especialmente entre os mais jovens, fez surgir medidas importantes.
Um exemplo é a lei 15.100/25 que proíbe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas em diversas regiões do Brasil.
A ideia não é simplesmente punir, mas proteger. Ao limitar o uso do aparelho durante no período escolar, cria-se um ambiente mais propício para a aprendizagem, a interação social verdadeira e o fortalecimento da autoestima — fatores essenciais para a saúde mental dos estudantes.
Mais do que uma regra, essa medida é um convite para que crianças e adolescentes reconectem-se com o mundo real: com o aprendizado, com os colegas, consigo mesmos.
Então, como usar as redes de forma mais saudável?
Comece pela consciência
Observe: como você se sente antes, durante e depois de navegar por cada plataforma? Algumas te inspiram? Outras te deixam frustrado ou vazio? Faça uma "faxina": deixe de seguir perfis que não agregam — ou pior, que te fazem mal. Seja seletivo: curta menos, escolha mais. E lembre-se: você não está perdendo nada de essencial ao não ver tudo. O que é realmente importante vai te encontrar de outras formas.
Estabeleça limites claros.
Nada de celular na mesa de jantar, no banheiro ou na cama. Defina horários específicos para acessar as redes — e cumpra-os. Desative notificações desnecessárias. Cada hora que você passa nas redes é uma hora que poderia ler um livro, conversando olho no olho, caminhando sem pressa — vivendo de verdade.
Se sentir que não consegue reduzir o uso sozinho, busque ajuda. Psicólogas/os podem te ajudar a entender e trabalhar isso. Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e universidades públicas oferecem atendimentos gratuitos. O CVV (Centro de Valorização da Vida) também está disponível — basta ligar para 188 se quiser conversar.
Nilson S. Aliprandi
Psicólogo Clínico – CRP 11049/16
Contato: nilsonaliprandi.psi@gmail.com
Instagram: @psi.nilsonaliprandi