O termo “gaslighting” tornou-se popular nos últimos anos devido à conscientização sobre problemas de saúde mental e dinâmicas de poder nos relacionamentos interpessoais. A palavra é usada para se referir a uma forma de manipulação psicológica na qual uma pessoa tenta fazer com que a outra duvide de sua própria realidade.

Popularização do termo 'gaslighting'

Em 2018, o Dicionário Oxford elegeu "gaslighting" como uma das expressões mais populares do ano. Isso ocorreu depois de um artigo jornalístico que se espalhou ter afirmado que o presidente dos Estados UnidosDonald Trump havia vencido as eleições usando essa tática contra os cidadãos norte-americanos.

O que é  'gaslighting'?

Além disso, em 2022, o dicionário Merriam-Webster nomeou "gaslighting" como a palavra do ano devido ao grande aumento nas buscas - cerca de 1740% em relação ao ano anterior. A editora define o conceito como "a manipulação psicológica de uma pessoa, geralmente por um período prolongado".

A publicação continua e diz que, nesses casos, “a vítima passa a questionar a validade de seus próprios pensamentos, percepção da realidade ou memórias, e geralmente é levada à confusão, perda de confiança e autoestima, incerteza em relação à sua estabilidade emocional ou mental, e dependência do perpetrador”

Origem do termo 'gaslighting'

A expressão é originária de um clássico de Hollywood: Em "Gaslight", (1944) Nele, um homem (Charles Boyer) manipula sua esposa (Ingrid Bergman) para que ela pense que está louca. O intuito é roubar a fortuna dela. Durante o filme, ele esconde objetos como quadros e joias e convence a mulher a acreditar que ela é a responsável pelo desaparecimento, embora ela não se lembre disso.

Confira as 5 frases mais usadas no 'gaslighting'

Em sua coluna de opinião na CBS, a psicóloga Courtney S. Warren, que também é médica da Escola de Medicina de Harvard e especialista em vícios amorosos, revela quais são as expressões mais frequentemente empregadas por manipuladores para abusar de seus semelhantes - e quais são as táticas mais eficazes para enfrentá-los ou responder a eles.

• “Você está agindo como um(a) louco(a)”

Essas pessoas buscam manipulação a ponto de questionar a integridade ou clareza da vítima. Para atingir esse objetivo, são feitas observações diretas que questionam sua lógica.

Como responder: “Por favor, não questione a minha capacidade de pensar de forma clara”. “Mesmo que não concordemos, eu vejo a realidade desta maneira”.

• “Você está exagerando”

Ao acusar a outra pessoa de ser dramática, o manipulador procura ignorar as queixas e preocupações como irracionais e infundadas.

Como responder: “Você concordando ou não comigo, é assim que me sinto agora”. “Não julgue meus sentimentos. Eles não estão sujeitos a debate”.

• “Eu estava apenas brincando”

Os especialistas em manipulação costumam minimizar o impacto de suas observações dolorosas ou críticas. Fazem com que a vítima questione se é muito sensível.

Como responder: “Esse comentário pode ter sido engraçado para você, mas machucou meus sentimentos”. “Eu não achei que fosse uma piada, peço que não fale mais assim comigo”.

• “Você me obrigou a fazer isso”

Quando algo não dá certo, os manipuladores procuram evitar assumir a responsabilidade, colocando a culpa e as críticas no outro.

“Na verdade, eu não posso te obrigar a fazer nada. "Sua conduta é um reflexo de suas escolhas, e não de minhas".

• “Se você me amasse, me deixaria fazer o que eu quero”

Ao tentar impor limites à vítima, é possível que ele tente fazê-la se sentir culpada, dizendo que ela não se importa com eles.

Como responder: “Meus limites refletem meus valores e como escolho viver minha vida. Não me sinto confortável em fazer isso. Respeite meus limites”.

Como saber se estou sendo vítima de gaslighting?

Segundo a psicóloga Ailin Gomez Mari, é essencial compreender que aqueles que cometem esse tipo de abuso ou manipulação geralmente são pessoas importantes na vida da vítima, e é o medo de perder essa pessoa que leva a pessoa afetada a suportar o abuso psicológico e a ignorar sua própria opinião.

Para especialistas em saúde, caso sejam detectados problemas no relacionamento, é crucial que a vítima entre em contato com um psicólogo ou especialista em saúde mental, pois permitir uma escuta mais objetiva ajudará a pessoa a se distanciar do discurso do abusador e a reconstruir sua própria identidade.

— O agressor frequentemente afasta o outro de sua convivência social. Quanto mais distante a vítima estiver de seus entes queridos, mais ele poderá exercer o controle. Por isso, é fundamental que o afetado possa contar com uma rede de apoio — conclui Gómez Mari.