Chris Hemsworth: De galã em Thor ao peculiar em "Furiosa", ator australiano revela novas facetas
Celebridade de Hollywood se destaca em papéis ecléticos, desafiando estereótipos e buscando diversidade em sua carreira

Um dos atores mais populares e musculosos de Hollywood, Chris Hemsworth ganhou fama mundial interpretando Thor, o galã do Universo Cinematográfico Marvel, capaz de empunhar um martelo superpoderoso e invocar o poder dos trovões, em uma mistura de mitologia nórdica e ficção científica. Apesar de seu papel icônico estar enraizado nas raízes europeias, o ator australiano, aos 40 anos, vem desafiando o estereótipo que o consagrou, optando por papéis que exploram seu timing cômico e a excentricidade.
Em "Furiosa: Uma Saga Mad Max", em exibição nos cinemas, ele interpreta Dementus, um motoqueiro megalomaníaco de sotaque carregado que sequestra a protagonista ainda na infância e lidera um grupo insano determinado a usurpar o império apocalíptico de Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne). Ao longo das mais de duas horas do filme, o ator abdica da vaidade e mergulha na violência característica do diretor George Miller, dando vida à figura sádica e cômica responsável pela maioria dos diálogos. Enquanto contracena com uma protagonista de poucas palavras, o personagem maníaco não para de falar e gritar, mas evita se tornar uma caricatura unidimensional ou cansativa. Dessa forma, Hemsworth rouba a cena.
A mudança pode ser surpreendente para aqueles que o conhecem apenas como o super-herói envolto no manto vermelho, mas não para aqueles que acompanham sua carreira de forma mais atenta. Dentro do próprio Universo Marvel, o ator teve a oportunidade de se destacar em "Thor: Ragnarok", o primeiro filme da franquia dirigido pelo neozelandês Taika Waititi, vencedor do Oscar pelo roteiro de "Jojo Rabbit". Originários do mesmo continente, a parceria permitiu que ambos mostrassem o melhor de suas habilidades, resultando em uma nova abordagem para o Thor - antes um herói mais sério e pouco dinâmico nos filmes anteriores dirigidos por Kenneth Branagh. Com uma estética mais colorida e surreal, o filme foi um sucesso em parte por permitir que o ator protagonizasse uma comédia, um gênero que ele havia apenas explorado em papéis menores em filmes como "Caça-fantasmas", "O Segredo da Cabana" e "Férias Frustradas".
Antes disso, Hemsworth era mais conhecido por interpretar personagens sérios ou interesses românticos. Na Austrália, ele foi descoberto por produtores da novela "Home and Away", onde interpretou o bad boy Kim Hyde por 194 episódios. Em 2009, conquistou seu primeiro papel em Hollywood, uma participação como o pai do Capitão Kirk em "Star Trek", e a partir daí seguiu o caminho esperado. Ele foi convocado para o Universo Marvel, e fora dele continuou a interpretar protagonistas viris, como em "Hacker" e "Branca de Neve e o Caçador". Como estrela de ação, Hemsworth é perfeitamente competente, mas também facilmente substituível. No entanto, é na estranheza e no ridículo que ele demonstra ser muito mais do que apenas um rostinho bonito.
Não é apenas o bom humor e a versatilidade do australiano que garantem o sucesso. Após o êxito de "Ragnarok", ele colaborou novamente com Waititi para "Thor: Amor e Trovão", mas o filme não alcançou o lucro esperado e, pior ainda, desagradou a boa parte da crítica americana. Segundo o próprio ator, ele se perdeu nas improvisações e acabou se tornando uma caricatura de si mesmo. No entanto, dessa decepção surgiu algo positivo: tornou-se menos importante para a linha de produção da Marvel, permitindo-lhe assim se comprometer com projetos mais ecléticos e trabalhar com diferentes cineastas. Após colaborar com Miller, ele expressou interesse em trabalhar com Baz Luhrmann, conhecido por filmes como "Moulin Rouge" e "Elvis", e está se preparando para desenvolver dois projetos com Darren Aronofsky, diretor de "Cisne Negro" - uma comédia ácida e uma ficção científica. Em uma entrevista à revista Vanity Fair, ele também mencionou que está considerando participar de outros dois filmes, um musical e uma comédia romântica.
Ele revelou estar mais determinado do que nunca, consciente de que não tem tanto tempo em Hollywood pela frente quanto tinha aos 25 anos de idade. Durante a produção da série documental "Sem Limites", criada por Aronofsky, ele descobriu que possui duas cópias do gene APOE4, um fator de risco - embora não diagnóstico - para o desenvolvimento de Alzheimer. Embora a descoberta tenha sido chocante, não o levou a considerar a aposentadoria, ao contrário dos rumores que surgiram na época da notícia. Na própria série, assim como em sua vida cotidiana, o ator busca viver melhor e por mais tempo. Dependendo dele, as surpresas estão apenas começando.