Confira os alvos da operação contra postos de combustível ligados ao PCC

A Operação Spare, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) na manhã desta quinta-feira (25/9), cumpre 25 mandados de busca e apreensão contra diversos alvos em São Paulo, Santo André, Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco. A ação investiga um esquema de exploração de jogos de azar e venda de combustíveis adulterados, que utilizava uma fintech para lavagem de dinheiro.
Principais alvos:
Flávio Silvério Siqueira — apontado como principal responsável por coordenar o esquema de lavagem de dinheiro e uma rede de “laranjas”, envolvendo postos de combustíveis e casas de jogos de azar.
Sharon Nogueira Siqueira — esposa de Flávio, com parentes cujas contas bancárias eram usadas para movimentação de valores.
Eduardo Silvério — filho de Flávio, integrante do esquema.
Stefania Cusumano Pereira — esposa de Wilson Pereira Júnior, ligada a Flávio e atual proprietária de postos envolvidos; figura importante da organização criminosa.
Maurício Soares de Oliveira — proprietário de uma rede de cosméticos, alvo de comunicações do Coaf por movimentar 100% de seus recursos em espécie; usado como laranja para justificar patrimônio.
João Martinho do Carmo Crespim — administrador da BK Bank, apontado como laranja.
Tatiana Aparecida Crispim — esposa de João Martinho e administradora da BK Bank, também apontada como laranja.
Valdir de Souza Vicente — sócio de empresa de postos, apontado como laranja.
Rodrigo Cavarzere dos Santos — sócio de hotelaria ligada a Adriana, apontado como laranja.
Wagner dos Santos — sócio de hotelaria ligada a Eduardo, apontado como laranja.
Reinaldo Bezerra e Catarina Corregliano Bezerra — casal que vendeu postos a Wilson Pereira Júnior.
Alex Batista — sócio de postos e outras empresas, suposto laranja.
João Muniz Leite — contador de Flávio, responsável por justificar aumento patrimonial.
Camila Cristina de Moura Silva — exercia função de confiança na BK Bank.
Danilo Augusto Tonin Elena — assumiu BK Bank no lugar de Mário Luiz; responsável principal.
Mário Luiz Gabriel Gardin — criador da fintech BK Bank.
Marcelo Dias de Moraes — responsável por operações da BK Bank, mesmo sem constar nos quadros da fintech.
Outros alvos não tiveram papel detalhado: Leonardo Silvério, Ariana Siqueira de Oliveira, Suelen Ramos Santos, Felipe Teles de Oliveira Souza, Lucas Rodrigues Pegoraro, Rosangela Ferreira de Aquino, Gilberto Lauriano Júnior e Caio Henrique Hyppolito Galvani.
Operação Spare
As investigações iniciaram a partir da apreensão de máquinas de cartão em casas de jogos clandestinos em Santos, ligadas a postos de combustíveis. A análise das movimentações financeiras revelou transferências para uma fintech, usada para ocultar a origem e destinação de recursos ilícitos.
O MPSP identificou uma rede complexa de pessoas físicas e jurídicas, incluindo empresas do setor hoteleiro, postos de combustíveis e instituições de pagamento com contabilidade paralela, dificultando rastreamento. A fintech usada é a BK Bank, mesma envolvida na Operação Carbono Oculto, que identificou participação de integrantes do PCC.
O esquema atuava em várias etapas da cadeia de combustíveis: importação, produção, distribuição e venda ao consumidor. Também foram detectadas práticas de adulteração com uso de metanol. Além de postos, os investigados utilizavam motéis, lojas de franquia e empreendimentos imobiliários para lavar dinheiro, com reinvestimento via SCPs, segundo a Receita Federal.
A ação envolve Receita Federal, Secretaria da Fazenda, Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo e Polícia Militar.
Infiltração no mercado formal
O alvo principal é ligado a uma extensa rede de postos usada para lavagem e sonegação fiscal, concentrando cerca de 400 postos, sendo 200 diretamente vinculados a ele e associados. Entre 2020 e 2024, 267 postos movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos (0,1% do total). Administradoras movimentaram R$ 540 milhões.
O grupo também operava lojas de franquias, motéis e construção civil. Foram identificados 21 CNPJs ligados a 98 estabelecimentos de uma mesma franquia, movimentando R$ 1 bilhão, emitindo R$ 550 milhões em notas fiscais, recolhendo R$ 25 milhões em tributos e distribuindo R$ 88 milhões em lucros.
Mais de 60 motéis foram vinculados a “laranjas”, com movimentação de R$ 450 milhões e distribuição de R$ 45 milhões em lucros. Restaurantes ligados aos motéis também integravam o esquema, como um que distribuiu R$ 1,7 milhão após receita de R$ 6,8 milhões entre 2022 e 2023.
Operações imobiliárias pelos CNPJs de motéis também chamaram atenção, com imóveis adquiridos de R$ 1,8 milhão a R$ 5 milhões. SCPs foram usadas para construção de prédios residenciais em Santos na década de 2010; estimou-se que 14 empreendimentos movimentaram R$ 260 milhões entre 2020 e 2024.