Cercado por milhares de itens com a imagem do famoso encanador da Nintendo, Kikai, de 40 anos, afirma que sua vida "seria completamente diferente" sem Mario, o herói bigodudo do gigante japonês de jogos eletrônicos que completa quatro décadas neste sábado.

"Super Mario Bros.", lançado no Japão em 13 de setembro de 1985, revolucionou a indústria dos games, sendo um dos primeiros títulos em que o protagonista se movimenta horizontalmente em um universo cheio de cores.

"Meu pai comprou o jogo e eu jogo desde que me lembro.", conta Kikai, em seu escritório, onde possui "entre 20 mil e 30 mil objetos" relacionados ao Mario.

Bonecos, pelúcias, tapetes… Na residência do colecionador, o rosto redondo e jovial do encanador está presente em todos os cantos.

Como ele, diversas gerações de 'gamers' ficaram encantadas por este personagem criado pelo japonês Shigeru Miyamoto, que surgiu pela primeira vez em 1981 com o nome de “Jumpman”, no jogo de arcade “Donkey Kong”.

"É um acidente feliz, porque inicialmente este personagem não era de forma alguma destinado a se tornar um ícone dos videogames.", destaca Alexis Bross, coautor do livro "Générations Mario" (Gerações Mario).

Um macacão azul para melhorar sua aparência, um boné vermelho para não desenhar cabelos… Inicialmente, Mario era "puramente funcional, com severas limitações técnicas", sendo formado por poucos pixels na tela.

"Mario Kart", "Mario Golf", "Mario Tennis"… O personagem passou por várias aventuras e mudanças, ao lado do irmão Luigi e do inimigo Bowser. Ele também acompanhou a transição dos videogames 2D para 3D no lançamento do Nintendo 64, em 1996.

Aos poucos, tornou-se uma figura "transgeracional" e "tranquilizadora", afirma Alexis Bross:

"Ele é um homem comum, muito próximo de nós, que inicialmente carece de poder e está um tanto preso no tempo."

A Nintendo, consciente desse cenário, lançou recentemente uma linha de roupas e acessórios infantis no Japão. Os produtos variam de mochilas a relógios de luxo, incluindo itens de Lego. Além disso, Mario possui parques de diversão no Japão e nos Estados Unidos.

No cinema, "Super Mario Bros, o filme" (2023) foi um grande sucesso, arrecadando mais de US$ 1,3 bilhão (R$ 7 bilhões), com sequência prevista para 2026.

Após quatro décadas, o herói que resgata princesas de seus castelos estaria chegando ao fim?

Com o surgimento de personagens femininas na Nintendo, protagonistas de seus próprios jogos, Mario "está se adaptando a novos públicos e acompanha pouco a pouco os movimentos da sociedade", observa Bross.

Enquanto aguarda um novo capítulo em 3D das aventuras do encanador — o último foi em 2017, com "Super Mario Odyssey" —, o especialista espera o surgimento de "uma ideia absolutamente nova que marque um novo marco na história dos videogames".