Edinho Silva deve assumir o PT com perfil conciliador em meio à crise

O ex-prefeito de Araraquara e ex-ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, é apontado como o nome favorito para assumir a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), substituindo a atual ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Com votação interna marcada para este domingo (7), a projeção é de vitória expressiva de Edinho, considerado um quadro moderado e defensor do diálogo com partidos de centro. Sua chegada ao comando da legenda ocorre em meio à guinada do governo federal a um discurso mais à esquerda e ao agravamento do embate com o Congresso Nacional, sobretudo após a derrubada do decreto que aumentava o IOF.
A indicação de Edinho à presidência foi articulada com apoio direto do presidente Lula desde o ano passado. A expectativa era de que sua liderança fortalecesse pontes com legendas do Centrão, como União Brasil e PP, hoje distantes do Planalto e mais próximos de projetos de oposição para 2026. Apesar do momento de maior tensionamento entre Executivo e Legislativo, Edinho afirma que não há contradição entre reagir a derrotas no Congresso e manter o diálogo com forças políticas adversárias.
A possível mudança de estilo na direção do PT marca o fim de sete anos de comando de Gleisi, período que foi caracterizado por forte enfrentamento ao governo Bolsonaro, mobilizações contra a Lava Jato e críticas internas ao governo Lula, sobretudo à condução econômica de Fernando Haddad. Edinho, por sua vez, é aliado do ministro da Fazenda e promete uma condução mais alinhada com o Planalto.
Entre suas primeiras missões, caso eleito, está a construção de palanques estaduais para apoiar a reeleição de Lula em 2026, negociando ao menos a neutralidade de partidos como MDB e PSD em determinadas regiões. Já são cogitadas alianças com nomes como Renan Filho, em Alagoas, e Eduardo Paes, no Rio de Janeiro.
Apesar do tom conciliador, a candidatura de Edinho encontra resistências na ala mais à esquerda do PT, representada por figuras como Rui Falcão, Romênio Pereira e Valter Pomar, que defendem maior independência do partido em relação ao Executivo. Edinho, entretanto, promete ouvir todas as correntes e reforçar o protagonismo do PT na construção do projeto de reeleição de Lula.
Uma das novidades de sua gestão deve ser a reaproximação do ex-ministro José Dirceu, que volta aos bastidores como conselheiro informal após anos de afastamento da direção do partido. A eleição é feita por voto direto de cerca de 2,9 milhões de filiados. O resultado deve ser divulgado nesta segunda-feira (8), e a posse do novo presidente ocorrerá em agosto.