A Nvidia alcançou nesta quinta-feira (3) um marco histórico ao atingir um valor de mercado de US$ 3,92 trilhões (cerca de R$ 21,4 trilhões), colocando-se no caminho para se tornar a empresa mais valiosa da história. O salto ocorre em meio ao entusiasmo crescente dos investidores com a inteligência artificial, o que tem impulsionado os principais índices de Wall Street a níveis recordes.

Pela manhã, as ações da companhia chegaram a subir 2,4%, atingindo US$ 160,98 (R$ 877,53), superando o recorde anterior de capitalização da Apple, que havia fechado em US$ 3,915 trilhões em dezembro de 2024.

O avanço se deve, em grande parte, ao sucesso dos novos chips da Nvidia, que vêm liderando o treinamento de modelos avançados de inteligência artificial. Essa tecnologia tem gerado alta demanda por parte de gigantes da tecnologia, como Microsoft, Google, Amazon, Meta e Spotify, consolidando a posição da Nvidia como fornecedora central para o setor.

O presidente e fundador da empresa, Jensen Huang, voltou à lista dos dez mais ricos do mundo, segundo a revista Forbes, com uma fortuna estimada em mais de US$ 138 bilhões (R$ 752,3 bilhões).

Atualmente, a Microsoft ocupa a segunda colocação entre as empresas mais valiosas de Wall Street, com valor de mercado de US$ 3,7 trilhões (R$ 20,2 trilhões), seguida pela Apple, com US$ 3,19 trilhões (R$ 17,4 trilhões).

O movimento de empresas como Microsoft, Amazon, Meta, Alphabet e Tesla para dominar a tecnologia de inteligência artificial e expandir centros de dados tem gerado uma "demanda insaciável pelos processadores da Nvidia", segundo analistas. "Quando a primeira empresa passou de um trilhão de dólares, foi algo impressionante. Agora estamos falando de quatro trilhões. Isso mostra que há uma verdadeira corrida em curso pela IA", afirmou Joe Saluzzi, cogerente de negociação da Themis Trading, à Reuters.

O valor de mercado da Nvidia multiplicou-se por quase oito nos últimos quatro anos, passando de US$ 500 bilhões (R$ 2,7 trilhões) em 2021 para quase US$ 4 trilhões atualmente. A empresa agora vale mais que a soma das bolsas de valores do Canadá e do México, segundo dados da LSEG, e também ultrapassa o valor de mercado de todas as empresas listadas no Reino Unido.

A Nvidia está sendo negociada a aproximadamente 32 vezes o lucro esperado pelos analistas para os próximos 12 meses — abaixo da média de 41 vezes registrada nos últimos cinco anos, o que, para alguns especialistas, sugere espaço para mais valorização.

O que faz a Nvidia?

A empresa é líder na fabricação de chips usados no treinamento de modelos de inteligência artificial, como o ChatGPT. Antes de dominar o setor de IA, a Nvidia se destacou pelas placas de vídeo, voltadas à melhoria dos gráficos em jogos e vídeos. Seu diferencial está nos chips do tipo GPU (Unidade de Processamento Gráfico), fundamentais para os cálculos exigidos por sistemas de IA generativa.

Com o crescimento vertiginoso da demanda por inteligência artificial desde o lançamento do ChatGPT, empresas têm desenvolvido suas próprias soluções tecnológicas, alavancando ainda mais os negócios da Nvidia.

Lucros e desafios

No primeiro trimestre fiscal, a Nvidia registrou lucro líquido de US$ 18,8 bilhões (R$ 107 bilhões), alta de 26% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro por ação foi de US$ 0,96, superando as expectativas da FactSet, que previam US$ 0,89.

A receita da companhia atingiu US$ 44,1 bilhões (R$ 251 bilhões), com aumento anual de 69%. Apesar disso, a divisão de centros de dados teve desempenho ligeiramente abaixo do esperado pelos analistas.

As sanções impostas pelos Estados Unidos à exportação de chips para a China geraram um impacto de US$ 4,5 bilhões (R$ 26 bilhões), abaixo do prejuízo estimado anteriormente. A previsão da empresa para o segundo trimestre inclui um efeito negativo de US$ 8 bilhões devido a essas restrições.

Ainda assim, os resultados superaram expectativas, e a empresa segue como protagonista na revolução tecnológica promovida pela inteligência artificial.