Imagine ter um emprego onde seu salário é de R$ 46 mil, você não precisa gastar com carro ou gasolina, possui um plano de saúde com acesso a hospitais de alto padrão, e o aluguel tanto da sua residência quanto do escritório é pago pela empresa?

Essas são as condições de trabalho oferecidas aos deputados e senadores no Brasil. E quem arca com esses custos é o contribuinte.

Durante dois meses, as jornalistas Letícia Casado, Júlia Affonso e Carolina Nogueira investigaram os dados do Congresso Nacional. O podcast UOL Prime, conduzido por José Roberto de Toledo, revela os detalhes dessa análise.

Em um momento de intensos debates sobre a necessidade de equilibrar as contas públicas, parlamentares desfrutam de privilégios que eles próprios criaram, financiados pelos impostos pagos pela população.

"Há certa contradição aí. Mas é claro que, quando se fala em cortar gastos, os parlamentares não vão mexer em seus salários, tampouco cortar os múltiplos benefícios que têm além do salário", destaca Toledo.

Letícia Casado revela que, nos últimos seis anos, os brasileiros desembolsaram R$ 100 milhões para cobrir despesas médico-hospitalares de deputados e senadores. Caso um parlamentar precise de um procedimento médico não coberto pelo plano de saúde do Congresso, ele pode pagar pelo tratamento, apresentar a nota fiscal e solicitar um reembolso praticamente sem limites.

"A quantidade de privilégios que os parlamentares brasileiros têm torna a eleição para o Congresso um ótimo negócio", afirma Letícia.

Somente em 2025, o custo diário do Congresso será de R$ 40,8 milhões — sendo R$ 23,5 milhões para o funcionamento da Câmara e R$ 17,3 milhões para o Senado. Isso totaliza R$ 15 bilhões anuais, considerando os orçamentos das duas Casas.

Esse valor ainda aumentará com a criação de 18 novas vagas para deputados em sete estados, ao custo inicial de R$ 64,8 milhões.