O iFood anunciou que, a partir de 1º de junho, o valor mínimo pago por entrega será reajustado. Entregadores que utilizam bicicleta passarão a receber R$ 7 por rota, enquanto aqueles que trabalham com moto ou carro terão direito a R$ 7,50. Antes, o valor padrão para todos era de R$ 6,50 por entrega.

Segundo o iFood, o aumento leva em conta as diferenças nos custos de operação. “Quem usa moto ou carro arca com despesas mais altas, como manutenção e combustível, por isso o reajuste foi maior para esse grupo”, justificou a empresa. Já os ciclistas, que costumam realizar trajetos menores, geralmente até 4 km, continuarão com percursos curtos, embora esse limite varie conforme a localidade.

Além do reajuste, o iFood prometeu ampliar a proteção aos entregadores com a extensão do seguro gratuito. Em caso de acidentes graves, os profissionais poderão receber indenizações de até R$ 120 mil.

Em Cidade Ocidental, Maria Aparecida, dona de casa de 35 anos e usuária frequente do aplicativo, aprovou a mudança: “Eu peço direto. Acho certo eles ganharem mais, porque trabalham demais, faça chuva ou sol. Tomara que com esse aumento eles fiquem mais animados e continuem atendendo bem, como sempre.”

Já em Brasília, o entregador João Paulo, de 28 anos, considera que a alteração é positiva, mas insuficiente. “Melhorou um pouco, mas a gasolina continua muito cara. A gente ainda gasta bastante para trabalhar. Seria bom se tivesse mais reajustes, porque a gente merece, é um serviço essencial”, disse.

O iFood também ressaltou que os valores pagos aos entregadores vêm sendo atualizados desde 2021, quando o mínimo era de R$ 5,31. Com o ajuste atual, quem utiliza moto ou carro acumulou um aumento de 41,2%, enquanto os ciclistas tiveram um acréscimo de 31,8%, ambos superiores à inflação do período, calculada em 29,3%.

A empresa garantiu que os consumidores não devem perceber alteração nos preços finais. “Estamos sempre ouvindo nossos entregadores e buscando soluções que melhorem o dia a dia deles. Esse pacote é resultado desse diálogo e tem como objetivo aumentar os ganhos e melhorar a experiência de quem trabalha com a gente”, afirmou Johnny Borges, diretor de Impacto Social do iFood.

Desde janeiro, a plataforma também vem realizando ajustes nas rotas destinadas aos entregadores que utilizam bicicleta, para garantir que os percursos sejam mais adequados e não excessivamente longos.

Apesar do avanço, muitos entregadores ainda aguardam melhorias adicionais, principalmente devido aos altos custos envolvidos na atividade.

Alessandro Sorriso, presidente da Associação dos Motofretistas Autônomos e Entregadores do Distrito Federal e Entorno, entidade que representa cerca de 400 profissionais, confirmou que o reajuste foi implementado, mas avaliou seu alcance como limitado: “Os entregadores estão achando que ficou muito pior, pois eles aumentam o quilômetro e mandam muito mais entregas duplas.”

Ele acrescentou que a prioridade agora é acompanhar e apoiar o Projeto de Lei 2479/25, de autoria do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), que está em tramitação na Câmara dos Deputados. A proposta prevê a fixação de um valor mínimo para os serviços realizados por trabalhadores de plataformas digitais de entrega e mototaxistas, além de estabelecer critérios de transparência e a obrigatoriedade, por parte das empresas, de oferecer seguro contra acidentes.