Rico Melquiades nega envolvimento direto com bets irregulares em depoimento à CPI

O influenciador digital Rico Melquiades afirmou nesta quarta-feira (14) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, no Senado, que possui contratos de publicidade com plataformas de apostas, mas negou ter qualquer “envolvimento direto” com casas de apostas online consideradas irregulares.

Com mais de 10 milhões de seguidores nas redes sociais, Rico se apresenta como “embaixador” de uma plataforma de apostas que opera com base em uma decisão liminar, sem autorização formal do Ministério da Fazenda.

Convocado como testemunha, ele chegou ao Senado por volta das 10h30 e começou a depor às 11h55. A CPI busca entender os contratos firmados entre influenciadores e casas de apostas, especialmente diante da suspeita de cláusulas que bonificam influenciadores com base nas perdas dos apostadores.

Rico Melquiades é investigado pela Polícia Civil de Alagoas por supostamente incentivar apostas em plataformas consideradas clandestinas. Em janeiro deste ano, ele foi alvo de uma operação que resultou na apreensão de bens e no bloqueio de contas bancárias.

Durante o depoimento, Rico teve o direito de se manter em silêncio em perguntas que pudessem resultar em autoincriminação. A prerrogativa foi garantida por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedida na véspera.

Na terça-feira (13), a influenciadora Virginia Fonseca também prestou depoimento à CPI e negou a existência da chamada “cláusula da desgraça alheia”, que bonificaria os influenciadores pelas perdas de seus seguidores. Ela afirmou, no entanto, que havia previsão de um bônus caso conseguisse dobrar os lucros da casa de apostas.

Para a relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), os depoimentos de influenciadores digitais são fundamentais para entender como as apostas são promovidas nas redes sociais e quais estratégias de comunicação são utilizadas para atrair novos jogadores.

A comissão também busca esclarecer possíveis conflitos éticos no uso da imagem de celebridades para divulgar jogos de azar, além de discutir a necessidade de uma regulamentação mais rígida para o setor.

A CPI das Bets tem até junho deste ano para concluir os trabalhos.