"Auschwitz": militares discutiam criação de 'campo de prisioneiros' em grupo de whatsapp sobre atos golpistas
Os militares conhecidos como "kids pretos", que estavam envolvidos em um plano de golpe de Estado após as eleições de 2022, discutiram a possibilidade de criar um "campo de prisioneiros de guerra". De acordo com um relatório da Polícia Federal (PF) que investiga essa tentativa golpista, essa conversa ocorreu em um grupo de WhatsApp chamado "Dosssss!!!", criado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em 19 de novembro de 2022, um major fez uma pergunta no grupo: “Alguém tem algum planejamento ou viu em algum momento a condução de um cpg sem aparelhos? Caso sim, chamar no privado”. A sigla CPG, conforme explicado pela PF, se refere a “campo de prisioneiros de guerra”. O major que levantou a questão não está entre os 37 indiciados pela PF no inquérito relacionado à tentativa de golpe.
Em resposta, o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, que figura entre os indiciados, comentou: “Auschwitz!!”.
A PF continuou a explicação no relatório. "Auschwitz é o nome do mais mortal e famoso campo de concentração nazista onde foram assassinadas um milhão de pessoas (a grande maioria formada por cidadãos judeus)", diz o documento.
Em outro momento ainda nessa mesma conversa, o major que havia questionado sobre o campo de prisioneiros comenta: “Vai ter careca arrastado por blindado em Brasília?”, em referência a menções pejorativas para se referir ao ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Operação
Na quinta-feira da semana passada, a Polícia Federal (PF) concluiu a investigação sobre a atuação de uma organização criminosa que planejava um golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, após sua derrota para o presidente Lula (PT) nas eleições. A corporação indiciou 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, tornou o inquérito público na última terça-feira (26).