Fábrica da BYD na Bahia é denunciada por agressões e maus-tratos a operários chineses


Fábrica da BYD na Bahia é denunciada por agressões e maus-tratos a operários chineses Reprodução

A fábrica da BYD em Camaçari, Bahia, está sob investigação do Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA) após denúncias de condições de trabalho inadequadas e agressões físicas a empregados. A acusação, divulgada pela Agência Pública, foca especialmente em operários chineses contratados por empresas terceirizadas para as obras. Em resposta, a montadora reconheceu os problemas e anunciou que fará mudanças no ambiente de trabalho.


Conforme a reportagem, os trabalhadores estrangeiros enfrentam jornadas de até 12 horas diárias, todos os dias da semana, sem o fornecimento adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs). Em alguns casos, foram observados operários bebendo água diretamente de poças devido à falta de acesso a água potável.


Imagens e vídeos obtidos pela agência revelam episódios de agressão física, com relatos de supervisores agredindo os operários com socos e pontapés. As condições de alojamento foram descritas como precárias, com espaços mal iluminados, sujos e sem limpeza diária nos banheiros.


Além disso, a pressão para cumprimento de prazos é intensa, com relatos de violência sendo utilizados como forma de disciplina.


Investigações em andamento


Conforme afirmado pelo portal UOL, o MPT disse que abriu um inquérito para investigar as denúncias, que incluem as condições de trabalho e os relatos de agressão. Uma inspeção foi realizada em 11 de novembro na fábrica, contando com a presença de um procurador e da Polícia Federal.

Entre as medidas solicitadas pelo MPT à BYD e às três empresas contratadas para a obra estão a apresentação de contratos de trabalho, vistos dos trabalhadores estrangeiros, planos de prevenção de acidentes e relatórios sobre saúde ocupacional.


De acordo com o procurador Bernardo Guimarães, "as informações colhidas até o momento apontam para a necessidade de correção de procedimentos relativos ao meio ambiente de trabalho, para garantir a saúde e a segurança dos empregados" 


O órgão não descarta a possibilidade de realizar novas inspeções, especialmente diante do surgimento de relatos sobre agressões físicas.


O que diz a BYD

Em resposta às denúncias, a montadora chinesa emitiu a seguinte nota ao UOL Carros:


"A BYD recebeu com repúdio as imagens relacionadas ao tratamento dado por profissionais de empresas terceirizadas aos trabalhadores na construção da fábrica de Camaçari (BA). A BYD determinou que os agressores sejam afastados e proibidos de ingressar na unidade, exigindo das empresas providências urgentes para garantir que tal atitude jamais se repita. A BYD reforça seu acolhimento aos envolvidos, que já receberam todo o suporte necessário e seguem trabalhando na fábrica.


O Ministério Público do Trabalho apontou a necessidade de ajustes pontuais na operação. Identificamos as inconformidades em relação aos trabalhadores em Camaçari e exigimos que as prestadoras de serviços responsáveis pelas obras ajam imediatamente. Estamos acompanhando as melhorias de perto e priorizando o bem-estar de todos.


A BYD está implantando um reforço em sua fiscalização da obra para assegurar o cumprimento da legislação e o respeito a todos os profissionais que nela atuam. A companhia opera há 10 anos no Brasil, sempre seguindo rigorosamente as leis locais e mantendo o compromisso com a ética e o respeito."


O MPT está monitorando o caso e analisará os documentos solicitados. Com base nas investigações, poderá propor um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) ou acionar a Justiça. No dia 2 de dezembro, está agendada uma visita da CEO global da BYD, Stella Li, à Bahia. Durante o evento, a empresa deve anunciar um novo investimento para expandir as operações na planta de Camaçari.





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