Após dólar bater R$ 5,99, Haddad diz ser preciso colocar em 'xeque profecias não realizadas' do mercado
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não acredita em "bala de prata" e que o mercado financeiro precisa fazer uma releitura e colocar em xeque "profecias não realizadas" em relação a projeções de crescimento econômico e de resultado primário. Com a repercussão negativa do pacote de ajuste fiscal, o dólar chegou a bater R$ 5,99 na manhã desta quinta-feira.
— É preciso colocar em xeque as profecias não realizadas. Crescimento de 1,5%, vai ser de crescimento de 3,5%. O mercado tem que fazer releitura do que o governo está fazendo. Tanto no crescimento e no déficit o mercado errou.
Segundo Haddad, o trabalho de ajuste não se encerra com o pacote.
— Não acredito em bala de prata.
Nós não vamos resolver dez anos de déficit primário de um ano para o outro. Estou satisfeito com resultado deste ano.
O ministro ainda afirmou que o pronunciamento que anunciou o pacote foi pedido do presidente e que todos os ministros da Junta de Execução Orçamentária (JEO) estão sintonizados para reforçar o arcabouço fiscal.
Ele disse que o governo avaliou o ganho de médio prazo que vai ter o risco de não aprovação no Congresso Nacional.
— Às vezes, um medida como colocar pé de meia dentro do orçamento de educação do que uma mudança até 2028 e 2029 do indexador da vinculação. às vezes o orçamento da saúde já está acima do mínimo. Foi feita essa consideração sobre cada ponto que está aqui. Todo mundo cedeu às evidências — disse.
O ministro afirmou que, se as medidas forem aprovadas, o arcabouço será cumprido.
— Ninguém aqui é teimoso de se negar a enxergar os dados. Chegamos à conclusão que aprovadas essas medidas (teremos cumprimento de arcabouço). As distorções das contas públicas são tão grandes que teremos que voltar.
Questionado sobre a reação do mercado ao anúncio da isenção do IR até R$ 5 mil, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, reafirmou que a medida foi um compromisso assumido na campanha do presidente Lula, e por isso, não é uma “surpresa”.
— Foi feito na campanha o anúncio de que até 2026, está sendo cumprido o que foi dito na campanha eleitoral, na posse, não teve nenhuma surpresa, os agentes econômicos e a sociedade não estão sendo tomados de surpresa. Se alguém criou a expectativa de que o anúncio seria em janeiro e não em dezembro, não foi o presidente Lula que criou essa expectativa — disse o ministro.
O dólar iniciou a sessão desta quinta-feira em alta de 0,52%, a R$ 5,96, após os anúncios do governo. Segundo Rui Costa, o conjunto de medidas é justamente uma resposta às incertezas do mercado em relação à trajetória fiscal do governo.
— O que está se fazendo hoje, de forma clara e objetivo, é acenando, para responder ao mercado, que pelo texto que vocês publicam, estava precificando no presidente uma possibilidade de desequilíbrio futuro das contas públicas. Aqui está se garantindo que esse desequilíbrio de longo prazo não ocorrerá — afirmou Rui Costa.