Editorial 246

O que restará depois da balela de “Deus, pátria e família” e ódio à esquerda apenas para cooptar?

Goiás 246
O que restará depois da balela de “Deus, pátria e família” e ódio à esquerda apenas para cooptar?

Pós-eleições e o Brasil segue agitado tal qual uma versão abrasileirada de The Office, aquela série icônica que faz uma mistura única de comédia e drama como um pseudodocumentário da vida real, que o tempo todo lembramos com as notícias da política brasileira. O inacreditável acontece o tempo todo, desde atentados contra os Três Poderes, parlamentares defendendo projetos que são inconstitucionais e pedindo a interferência de outros países na democracia brasileira, até cidadãos tentando “resolver” se autoexplodindo como delírio de alguma revolução.

Enquanto a trama do golpe antidemocrático que envolve Bolsonaro e militares se revela nos jornais, os mais renomados parlamentares bolsonaristas fazem discursos com a clara intenção de manter a população que se declara ‘conservadora’ unida. "Homossexualidade é pecado" afirmou Nikollas Ferreira (PL-MG) em sessão plenária, outros deputados falaram em aborto e todas as pautas que reacendem o pânico moral, e todos são unânimes em afirmar que todo o jornalismo brasileiro está unido em um plano maligno para criar uma narrativa falsa sobre o plano coordenado pelo ex-presidente para se manter no poder.

No entanto, ao contrário desses discursos que, coincidentemente, são apenas de parlamentares do PL e de quem financiou em vários momentos os movimentos políticos de Bolsonaro, tal qual o pastor Silas Malafaia, ou daqueles bolsonaristas de carteirinha que se engajam, vestem verde e amarelo e vão para as ruas, existem também nos jornais as vozes de quem está em defesa do ex-presidente, o que demonstra perfeita normalidade democrática no país.

Mas existe um nervosismo no ar, em suas redes Nikollas estava se defendendo das acusações que fizeram em suas redes sobre inércia e por "viver de postar vídeo nas redes". O bolsonarismo está acuado não apenas por conta das denúncias da tentativa de matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, mas também por não se colocar ao lado da população na discussão pelo fim da escala 6x1, no corte de gastos também não apontou nenhuma solução e foi revelado vazio de conteúdo nas pautas que realmente fazem diferença na vida da população.

Se afirmamos que o ódio é um elo que une ‘conservadores’ e que se dispersa contagiando e engajando outras pessoas que agem politicamente e propagam suas ideias, existe um contágio que une e aproxima os eixos de força, como os militares, religiosos que ensinam a intolerância e o bolsonarismo, incluindo o indivíduo anônimo que se explode em fúria, e isso se alastra nas redes.

O ódio se propaga de forma voraz, revelando o impacto das redes sociais sem controle. Na ausência de explicações que façam sentido, pois se afastam das causas esperadas, teorias conspiratórias encontram terreno fértil. O poder se dispersa e se concentra nas relações funcionando de algum modo na vida de quem dele faz uso e por isso há perigo nas redes sem regulação. Cabe observar a ação dos influenciadores digitais, exercer influência se tornou profissão, a exposição de quem recebe o PERSE (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) deixou evidente que não existe ingenuidade em quem manipula a opinião pública, é um setor lucrativo, que recebe incentivos fiscais, gente que fatura milhões como Felipe Neto e Vírginia Fonseca “falando o que pensa”.

No caso da propagação do ódio de gente como Nikollas Ferreira, Flávio Bolsonaro ganha-se mandatos políticos e o manuseio de milhões em emendas parlamentares em movimentos que estão cada dia mais obscuros. Mas e quem se alimenta desse ódio, apoiadores que correm para as ruas quando um bolsonarista é candidato em sua cidade, o que estão ganhando? E o que será da esperança desses se já não houver mais um inimigo em comum?

No cinema, um dos filmes do momento, “A Substância” irá competir como Comédia no Globo de Ouro 2025. A produção estrelada por Demi Moore, é um filme de terror muito perturbador, com níveis de sangue e violência dignos de David Cronenberg. Por outro lado, porém, é uma sátira mordaz, e apesar da crítica mirar os padrões de beleza, pode ser pensada como uma parábola sobre a democracia, afinal, quando esquerda e direita buscam destruir o outro é um mesmo país que atacam, quandro a extrema direita planeja assassinar o outro é contra seu próprio país que luta e nisso não há patriotismo algum.



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